A tragédia do Tancão da Morte que deixou cinco adolescentes mortos por afogamento em Santo André, na quarta-feira, poderia ter proporções muito maiores. Um grupo de pelo menos 25 jovens do Jardim Oratório, em Mauá, planejavam curtir o dia no local inicialmente, segundo depoimentos de testemunhas a policiais civis do 6º DP (Jardim do Estádio) andreense, responsável pela apuração o caso, aos quais a equipe do Diário teve acesso com exclusividade.

O passeio vinha sendo planejado há pelo menos uma semana. No entanto, devido ao risco, muitos dos garotos desistiram de última hora.

Familiares mortos confirmaram, nas oitivas, que todos eles já tinham ido ao local. Como Henrique Pereira Lima, 15 anos. Nos dias anteriores ao caso ele reclamara de dores no peito. Questionado, alegou que frequentava a piscina da casa de um amigo.

Após a morte, contudo, amigos procuraram a família e revelaram que o adolescente esteve no tancão, afogou-se e foi salvo por outro jovem.

Mais velho do grupo, Douglas Roberto Santana da Silva, 17, acordara cedo naquele dia com outro objetivo: pretendia se cadastrar na Prefeitura mauaense para iniciar as aulas de natação. No depoimento, um familiar contou que o garoto levava, inclusive, um comprovante de residência.

A maioria dos pais conhecia o reservatório e reprovava a ida dos filhos ao local justamente por conhecer os perigos de se nadar ali.

Mais nova das vítimas, Matheus Santos Dias de Souza, 12, perguntou ao pai no dia 26 o que ele achava do tancão. Ouviu apenas coisas negativas. Pudera. Em outubro de 2005, um familiar dele, Rafael Alves de Paula, 14, também morreu afogado no Guaraciaba.</CW>

 “Todos eles estavam cientes do perigo que corriam ao se arriscar invadindo o local para poder nadar”, disse o delegado Marcos Cattani, responsável pelo inquérito do caso.