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Mamãe, eu quero

Por que o caro leitor não pode ser proprietário de uma das maiores empreiteiras do Brasil?

Carlos Brickmann
13/05/2012 | 00:00
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Por que o caro leitor não pode ser proprietário de uma das maiores empreiteiras do Brasil? Porque não quer: uma empreiteira como a Delta, que embora corra o risco de perder algumas obras, é ainda a executora de serviços milionários, com R$ 4 bilhões de faturamento anual, 30 mil empregados e 197 contratos, custa exatamente Zero reais e Zero centavos. Em algarismos, R$ 0,00.

Está no informe publicitário divulgado na quinta pela J&F Participações S/A, dona do frigorífico JBS Friboi: a empresa comunica que assume amanhã, segunda-feira, o controle da Delta Construções, com o direito de substituir quem quiser, inclusive presidente e diretores; a KPMG, multinacional de auditoria e consultoria, fará uma diligência para fixar o valor que a J&F pagará pela Delta. E este valor será pago com os recursos provenientes dos dividendos futuros da própria Delta. "Não haverá necessidade de utilização de recursos próprios ou de terceiros para financiar a operação", diz o comunicado que anuncia a compra.

Uma empresa enorme, uma das maiores do setor, e não se gasta um centavo para comprá-la. Nada de recursos próprios, nada de recursos de terceiros - nem mesmo do BNDES, sempre pronto a auxiliar com seu dinheiro (ou nosso dinheiro, se o caro leitor assim o preferir) o desenvolvimento dos negócios da J&F.

Não se pode falar em negócio de pai pra filho. Hoje é Dia das Mães - e quanta gente quer mamar! Este colunista informa que não tem interesse na Delta: quer comprar, nas mesmas condições, a General Motors. Será que vão me vender?

EM FORNO FECHADO

A CPMI do Cachoeira e de todos os seus afluentes guardou os documentos numa sala secreta, embora até as belíssimas gatas viralatas que vivem neste escritório já tenham tomado conhecimento de dezenas de gigabytes. Os depoimentos são sigilosos, embora tenham sido divulgados em várias línguas assim que se encerraram. Mas, como disse no século 14 o rei inglês Eduardo 3º, maldito seja quem pensar o mal. Os documentos estão guardados numa sala secreta e os depoimentos são sigilosos porque há coisas que as crianças não devem ver.

O ÍCONE

Pergunta do jornalista Sandro Vaia: que esperar de uma CPI secreta onde a referência moral é Fernando Collor? Por favor, caro leitor, não responda: esta coluna é publicada em jornais de família e certas palavras não são admitidas.

SOLIDÁRIOS PARA SEMPRE

Comovente a solidariedade de um deputado, Protógenes Queiroz, do PCdoB paulista, a um senador, Fernando Collor, do PTB alagoano. Mesmo no tenso ambiente de uma CPMI, é possível defender seus pares, nem que para isso seja preciso criticar a imprensa. A frase de Protógenes saiu na Folha de S.Paulo: "Presidente, não foi só Vossa Excelência que foi injustiçado. Eu também fui."

ABRE AS ASAS SOBRE NÓS

O caro leitor gostaria de ver julgados os suspeitos de corrupção? Esqueça. Lauro Jardim (http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line) publica a seguinte história: "Deflagrada em 2004, a operação Gafanhoto da Polícia Federal é um exemplo claro de como a morosidade da Justiça e os inúmeros recursos existentes podem salvar a pele de quem rouba o dinheiro público. Então governador de Roraima, Flamarion Portela foi denunciado pelo desvio de R$ 70 milhões do Estado. Seu caso chegou ao STJ ainda em 2004. Flamarion perdeu o mandato no ano seguinte e começou uma briga sobre quem deveria julgá-lo. O STJ queria mandar o caso para a primeira instância, Flamarion tentou manter seu processo na Corte Superior. Essa briga se arrastou até maio de 2010, quando finalmente o STJ enviou o caso para a instância inferior. Só que, nesses seis anos que ficou no STJ, o crime prescreveu sem nem mesmo haver julgamento sobre o aceite ou não da denúncia. Mais dois anos se passaram e o que começou em 2004 acabou na segunda-feira passada, dia 7. A Justiça Federal arquivou o caso e Portela pode seguir tranquilo em seu atual mandato como deputado estadual em Roraima."

PROMESSA JURADA

Uma assídua leitora desta coluna, que acredita no Governo, tirou um extrato de conta num banco oficial para festejar a redução dos juros. Surpreendeu-se: os juros continuavam em 8% ao mês no cheque especial e em 13% no cartão de crédito. Reclamou com o gerente e soube que, para conseguir juros mais baixos, deveria se cadastrar no "Bom para Todos" - pagando R$ 58 mensais. E o cliente só sabe de quanto são os juros no próprio mês, pois serão calculados pela equipe do banco. Este colunista adoraria receber um desmentido informando o procedimento correto: assim a leitora descobriria o caminho das pedras para economizar.

OS INSACIÁVEIS

Não culpe só o governador fluminense Sérgio Cabral (PMDB) e sua turma de guardanapos na cabeça: o dinheiro do contribuinte do Rio tem mais caminhos para esvair-se. A Assembleia fluminense acaba de criar mais um emprego, de assessor especial da Presidência da Mesa, que será ocupado por Pedro Lino da Câmara e Souza, sócio de Maurício Cabral, irmão de Sérgio Cabral. Um bonito exemplo de auxílio fraterno. A Assembléia do Rio tem 4.000 empregados - recorde nacional




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