Faltando quatro meses para o início da Copa do Mundo na Alemanha, ainda não se sabe se haverá a badalada cerimônia de abertura no Estádio Olímpico de Berlim. Por enquanto, a decisão é não. Mas, se houver, as emissoras estarão todas lá. Na verdade, estarão de qualquer jeito neste que será o palco da abertura, e em todos os outros belos campos já preparados para o evento esportivo que, com os Jogos Olímpicos, desperta interesse em todos os países do planeta.

Antes mesmo do início do megaevento esportivo, a grade televisiva já começa a abrir espaço para programas dedicados a preparar o espírito do torcedor. A dona da bola é mesmo a Globo. A emissora detém direitos exclusivos de transmissão dos jogos para a TV aberta e promete enviar cerca de 150 profissionais para a cobertura do evento. Só para acompanhar a Seleção Brasileira, e fazer programas especiais nos dias dos jogos, serão sete equipes de reportagem. Na opinião do jornalista Sérgio Noronha, é natural que, como detentora dos direitos, a Globo faça uma cobertura grandiosa. “Será a emissora da América do Sul com o maior contingente na Alemanha”, afirma.

Às emissoras sem direito de transmitir as partidas, resta o lado de fora dos estádios, mas nem por isso elas deixam de entrar no clima do Mundial. Até o SBT, que não possui tradição em nenhum esporte, pretende enviar para a Alemanha quatro equipes de reportagem. E mais: estuda a possibilidade de mandar a experiente jornalista Ana Paula Padrão para o país-sede da Copa para que ela ancore, de lá, o SBT Brasil. Além disso, a emissora de Silvio Santos contratou o repórter esportivo Mauro Tagliaferri, que deve comandar os boletins diários durante a Copa. Ana Paula Padrão explica que esse é um grande fato jornalístico e por esse motivo terá a devida atenção: “Para nós é uma cobertura jornalística, que será feita à altura de um evento dessa importância.”

Casquinha da Band – Quem também reforçou a equipe para o evento foi a Band. A emissora repatriou dois velhos conhecidos de suas transmissões esportivas, Luciano do Valle e Silvio Luiz. Eles se juntarão a outros 50 profissionais. Tamanha estrutura servirá para a cobertura do canal por assinatura BandSport, da TVA, que tem direito sobre as transmissões dos jogos. E a Band, claro, tira uma casquinha dessa facilidade. Desde a virada do ano, a emissora exibe o boletim Diário da Copa, 20 minutos depois da meia-noite. E, na segunda-feira passada, voltou a exibir o Apito Final, atração comandada por Luciano do Valle que, em resumo, é uma mesa com especialistas que discutem e rediscutem à exaustão assuntos futebolísticos. Atualmente é semanal, mas durante a Copa será diária. “Teremos analistas como Júnior e Gérson (ex-jogadores) e falaremos não apenas de futebol, mas de assuntos como a cultura alemã”, diz Luciano do Valle.

E outras emissoras de sinal aberto também estão tentadas e estudam para valer migrar algumas produções para a Alemanha durante a Copa. A Rede TV! depende de acertos de patrocínio para realizar lá o Bola na Rede, comandado por Fernando Vanucci. Já a Record pretende transmitir do país da Copa o Terceiro Tempo, apresentado por Milton Neves. “Não sabemos quantos profissionais irão, mas a equipe inclui repórteres, editores e produtores”, explica, meio que tentando despistar, Eduardo Zebini, diretor de Esportes da Record. A TVE Brasil, por sua vez, aposta na experiência e, obviamente, na especialização de profissionais como Márcio Guedes e Alberto Léo. A dupla comandará o programa de debates Esporte Visão nos dias dos jogos do Brasil. Mas, possivelmente, apenas Guedes estará na Alemanha. “A partir da segunda quinzena de fevereiro, o programa terá quadros sobre as cidades-sedes e outros assuntos relacionados com a Copa do Mundo”, conta o diretor do programa, Luiz Carlos Nascimento.

Nos canais por assinatura, o espaço destinado à Copa será ainda mais amplo. O Sportv, que pertence à empresa Globosat, manterá dois canais no ar e fará uma cobertura coordenada com a Globo. Assim, será possível transmitir todos os jogos do Mundial. E, já em 1º de maio, vai ao ar o Sportv Copa, canal com uma programação totalmente dedicada ao evento. “Exibiremos de filmes oficiais da Fifa a programas especiais. Sem exagero, será um superaquecimento para a Copa”, adianta Pedro Garcia, diretor de Negócios do canal. O ESPN Brasil, que pertence à TVA, também estuda a possibilidade de abrir, no período da Copa, um canal 100% dedicado ao evento. Por ora, ainda este mês, o canal inclui em sua programação especiais como o Contagem Regressiva, com jogos históricos das Copas, e Momento da Copa, trazendo personagens e grandes momentos de todos os Mundiais. “Esse é o momento de mostrar serviço. Vamos caprichar”, promete José Trajano, diretor do ESPN Brasil.

Trunfos – Na briga pela audiência, cada emissora tem seus trunfos para fazer o melhor papel na cobertura da Copa 2006. A Sportv, por exemplo, usa a vantagem de ser uma emissora segmentada com a estrutura de profissionais unificada com a da Globo para oferecer uma tecnologia de imagem diferenciada em seu canal Sportv Copa. “O canal transmitirá os jogos no formato wide screen, o mesmo das telas de cinema, que oferece uma imagem mais ampla do campo”, revela Pedro Garcia.

Sem jogos para mostrar, o SBT terá de confiar apenas no talento de sua equipe de jornalismo para atrair a atenção do telespectador para o tema Copa. Para Ana Paula Padrão, o fato de a competição ser na Alemanha, um país capaz de oferecer uma infra-estrutura de ponta aos jornalistas, acaba nivelando a cobertura, mesmo para quem investe pouco. “O fato de a Copa ser realizada num país onde você tem facilidade de acesso à tecnologia facilita muito para nós”, explica – ou tenta explicar, como a emissora pretende morder sua fatia de audiência.

Também sem grandes recursos, a TVE Brasil aposta no tratamento da informação para cativar o público durante o evento. De acordo com Luiz Carlos Nascimento, a emissora não sabe se mandará profissionais à Alemanha. Ainda assim, além do Mundial ser assunto central do Esporte Visão, os telejornais do canal estarão bem municiados. “Nós trabalhamos com a Agência Reuters e esse material entrará como jornalismo factual”, conclui.