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Ela dá pra todo mundo, então mata

Elisa Samudio participou de filmes pornográficos, adorava a companhia de jogadores de futebol

Carlos Brickmann
07/07/2010 | 00:00
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Elisa Samudio participou de filmes pornográficos, adorava a companhia de jogadores de futebol (posou para fotos com pelo menos sete craques conhecidos), esteve no mínimo numa orgia. Nela conheceu Bruno, goleiro do Flamengo. Grávida, atribui a paternidade a Bruno, que nega. Diz ter sido sequestrada, agredida, obrigada a tomar abortivos; disse também que foi ameaçada de morte. Deu queixa na polícia em outubro do ano passado. Registraram a queixa e até determinaram um exame, que constatou a ingestão dos abortivos. Proteção, neste País da Lei Maria da Penha? Nada disso. E o exame só ficou pronto depois que Elisa já havia desaparecido. Há fortes indícios de que tenha sido morta. A lei, ora a lei.

Elisa fez o que deveria ter feito: foi à polícia. A polícia não fez o que, pela Lei Maria da Penha, deveria ter feito: dar-lhe proteção. Nem o mínimo, informar os acusados de que a polícia recebera uma queixa, foi feito. Sequer foram advertidos para não se aproximar dela enquanto o caso fosse analisado. Sabe como é, Elisa não tinha um comportamento muito recomendável. E era mulher.

Bruno, o goleiro do Flamengo, estava naquela orgia (aliás, quem classificou a reunião de "orgia" foi ele mesmo). Certamente não estava lá para apenas testemunhar a gandaia. Seu comportamento sexual, a julgar pelo que ele disse ("era uma orgia só"), era razoavelmente igual ao de Elisa Samudio. Mas ele é homem.

Elisa Samudio talvez esteja morta, e neste momento tentam matar sua reputação, marcando-a como prostituta. E daí? É assim que se justifica um assassinato?

QUESTÃO DE IGUALDADE
Elisa ficou marcada como Maria Chuteira por deixar clara sua preferência por jogadores de futebol. OK, dizem que ela fazia sexo com muita gente. E os playboys que se dedicam a colecionar modelos, por que nome serão conhecidos?

TRAGÉDIA CATARINENSE
Aquele caso do estupro em Florianópolis, que esta coluna mencionou no domingo, está esclarecido: a jovem currada tem 13 anos e o chefe do grupo de estupradores está com 14. O crime aconteceu em 18 de maio, mas só foi esclarecido agora, quando o estuprador-chefe se gabou do fato pela internet. Ele é filho de um dos sócios da RBS, editora de jornais e retransmissora da Rede Globo em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. Outro estuprador, também menor, é filho de um delegado da cidade. O terceiro ainda não foi identificado.

PREPOTÊNCIA E CONCORRÊNCIA
Dois fatos chamam a atenção no caso, além da brutalidade do ataque: 1 - O estuprador-chefe registrou na internet que curra quem quiser, sem medo das consequências legais. Sente-se poderoso. Tanto não tem medo que utilizou para o estupro a casa de sua mãe, ex-mulher do sócio da RBS; 2 - a guerra de concorrência. Os veículos de comunicação pertencentes à maior rede concorrente lançaram-se ao caso com ferocidade, acusando a RBS de omitir as notícias sobre o estupro. Em parte, é verdade: a RBS só deu a notícia depois que um blog de internet (o http://tijoladasdomosquito.blogspot.com) e jornais concorrentes divulgaram o fato. Em parte, não é verdade: como os envolvidos são menores, dar seus nomes é contra a lei. Mas pegou mal a demora em noticiar que tinha ocorrido uma barbaridade. A RBS divulgou comunicado reconhecendo que um dos integrantes da família proprietária está envolvido, mas foi lenta. Amanhã, haverá manifestação em frente à delegacia que investiga o caso.

DILMA IMITA MERCADANTE
O senador Aloizio Mercadante, candidato ao governo paulista, faz escola no PT: reproduzindo o famoso episódio da revogação da renúncia irrevogável, o partido apresentou seu plano de governo ao Tribunal Superior Eleitoral de manhã e o revogou à noite, tirando seus itens menos aceitáveis. A explicação é que alguém entregou os papéis errados. É ruim: significa que há planos para mostrar aos eleitores e planos que os eleitores não devem nem sonhar em conhecer. Ou indica que, diante da primeira reação, Dilma esquece sua linha programática. Se há mais de um plano de Dilma, em qual dele devemos acreditar?




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