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Violência à criança está em 2º lugar
Por Rogério Gatti
Do Diário do Grande ABC
12/10/2006 | 00:04
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No Dia das Crianças, uma notícia positiva divulgada pelo Instituto São Paulo contra a Violência. Segundo os dados analisados de janeiro a setembro deste ano, os maus-tratos contra crianças no Estado de São Paulo aparecem em segundo lugar das ocorrências, atrás apenas do tráfico de drogas e os números na região seguem a tendência estadual.

Nos anos anteriores, os maus-tratos contra crianças ocupavam o terceiro lugar, atrás ainda das denúncias de porte de entorpecentes. Neste ano, 6,26% do total das ligações de todo o Estado para o disque-denúncia são sobre os maus-tratos, o que representa mais de 4 mil casos denunciados.

Para Athayde da Silva, coordenador do Instituto São Paulo, esse aumento tem dois motivos fundamentais: o primeiro é uma lei estadual que entrou em vigor em dezembro de 2005, que obriga colégios e hospitais a colocarem banners com a divulgação do número do disque-denúncia. “Isso fez com que professores e até mesmo outros alunos utilizassem o serviço”, explica.

Por isso, não acredita que os casos de agressão tenham aumentado. Mas que as denúncias tenham crescido. Silva afirma que o fato de o serviço ser altamente sigiloso incentive as denúncias. Esse seria o segundo fator apontado por ele. “Não há como a pessoa ser identificada, e isso faz com que os cidadãos tenham mais coragem”, afirma Atahyde da Silva.

A maioria das denúncias é contra mães, que abandonam os filhos em casa para trabalhar, seguido pelas agressões de pais biológicos ou padrastos.

Na região, Diadema é recordista em queixas de maus-tratos. Oitenta e duas denúncias envolvendo violência contra crianças partiram do município, o que corresponde a 7,6% do total de ligações da região ao Instituto São Paulo contra a Violência.

Segundo o chefe dos investigadores encarregado dos casos envolvendo menores na cidade, Álvaro Malagutti, desse número teriam que ser descontadas as denúncias falsas, que representam quase 30% em Diadema. “O fato de ser anônimo também anima aqueles que querem prejudicar uma outra pessoa”, acredita Malagutti.

Segundo dados do Instituto, os trotes em caso de denúncias contra violências infantis podem chegar a até 20% do total das ligações.

Em Santo André, por exemplo, aponta que as os maus-tratos correpondem a 6,6% do total de ligações para o disque-denúncia. Por outro lado, em Rio Grande da Serra ocorrerram 90 denúncias. Nenhuma delas de maus-tratos a crianças.

Em São Bernardo, os maus-tratos ocupam a terceira colocação no ranking das denúncias, atrás do tráfico e do porte de entorpecentes. Na cidade, foram registrados 72 casos de violência contra crianças, o que representou menos que 5% do total das denúncias.

Segundo a delegada da Delegacia da Mulher da cidade, responsável por denúncias envolvendo menores, Angela de Andrade Ferreira, o fato de a cidade estar com menos ocorrências que a média é um resultado da criação de vários órgãos que trabalham em conjunto, “principalmente o Conselho Tutelar, que consegue detectar e resolver muitos casos”, explica.

Porém um dado é muito alarmante, nenhuma das cidades do Grande ABC consegue resolver mais que 1% das denúncias envolvendo crianças. Santo André e São Bernardo tiveram no ano 72 denúncias, mas só resolveram um e dois casos, respectivamente. São Caetano teve 13 ocorrências e resolveu apenas uma, assim como Diadema, que das 82 ocorrêcias não passou de uma resolução. Já Mauá, que teve 50 denúncias, não foi bem-sucedida em nenhuma delas.

Segundo o Instituto São Paulo Contra a Violência esse número pode enganar, pois as ocorrências levam tempo para ser resolvidas. Mas é importante ressaltar que todas as denúncias resolvidas ou não são notificadas para o Instituto. Portanto é possível afirmar que esses dados expressam os casos que tiveram sucesso até o momento nas cidades.

Tráfico – O campeão do disque-denúncia no Estado de São Paulo e também na região é o tráfico de drogas. Porém Athayde da Silva alerta que muitas denúncias são repetidas.

“Se você passar por um lugar e ver alguém vendendo ou usando drogas você liga para o disque-denúncia. Só que mais pessoas vão ver e também vão ligar”, explica. Para esse controle, Athaide da Silva afirma que é feito um mapeamento das ocorrências.




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