É aquele velho costume. Todos sabem que problemas podem ocorrer, mas ninguém acha que o pior vai acontecer com a gente. Moral da história? Quando menos se espera – e, conseqüentemente, nenhuma precaução foi tomada –, a dor de cabeça aparece.

Para ajudar o leitor a prevenir e a remediar as situações imprevistas, embarcamos em dois dos últimos grandes problemas ocorridos com turistas para tirarmos lições. O primeiro foi o assalto ao grupo de 33 ingleses, há alguns dias, no Rio de Janeiro. Os gringos – que tiveram jóias, cartões de crédito, passaportes e laptops roubados – foram abordados dentro do ônibus particular que os levava do aeroporto internacional até a Zona Sul da capital fluminense.

O segundo aconteceu no maior navio de cruzeiros do planeta, o luxuoso Queen Mary 2. O transatlântico britânico saiu há duas semanas de Port Everglades, na Flórida (Estados Unidos), com 2,5 mil passageiros, para um roteiro de 38 dias rumo à América do Sul. Porém, um problema em um dos motores fez com que o transatlântico diminuísse a velocidade e, por isso, as paradas nas caribenhas Barbados, St. Kitts e em Salvador (BA) foram canceladas. O Queen Mary aportou na Cidade Maravilhosa na última sexta, com um dia de atraso.

Por isso, é imprescindível seguir algumas dicas para dificultar abordagens de ladrões e prevenir situações desagradáveis, além de conselhos para facilitar a resolução dos problemas e o que fazer quando o serviço prestado não estiver de acordo com o combinado. Pequenos cuidados que podem evitar grandes frustrações durante as férias.

Antes de comprar um pacote de viagem, a primeira coisa a fazer é verificar se a agência de turismo local e a receptiva são idôneas. Além disso, é preciso saber se ambas possuem seguro e o que ele cobre. As empresas filiadas à Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) são mais confiáveis, porque são registradas e têm uma regulamentação maior. No site www.abav.com.br, há uma relação de todas as agências associadas, inclusive com os contatos de cada uma delas.

Depois de acertado o destino, é hora de pesquisar sobre o lugar. Em viagens internacionais, informações sobre vacinas a tomar, atrativos e lugares perigosos são facilmente encontradas nos escritórios de turismo (conhecidos muitas vezes como visitors bureau) do país, nas embaixadas ou nos consulados.  "Para destinos no Brasil ou no exterior, os agentes de viagens também são ótimas fontes de informação. Antes de embarcar, não deixe de bater um papo com eles para tirar as dúvidas. Cada um dos lugares do mundo tem uma forma diferente de ludibriar o turista. É importante estar ciente de onde e em que situações devemos ficar mais atentos. Em Madri (Espanha) e em Buenos Aires (Argentina), por exemplo, há os malandros que esbarram em você e pedem desculpas, mas quando você vê, sua bolsa está rasgada. Porém, nunca ouvi dizer que um ônibus ou carro tenha sido interceptado dessa maneira como aconteceu Rio de Janeiro", conta a agente de viagens Elizabeth Ferraz.

Se acontecer algum problema durante o roteiro, ter um seguro de viagem pode facilitar bastante. Além de dar assistência a problemas de saúde, ele também auxilia, por exemplo, nas questões de perda ou roubo de dinheiro e documentos, e na reemissão de bilhetes e passaporte. Para decidir entre os vários tipos de planos, é bom consultar o agente de viagens. Ele vai orientar sobre qual a melhor escolha.

Ainda antes de fazer as malas, escolha um hotel bem localizado e anote os telefones de bloqueio dos cartões de crédito. Em caso de roubo, o turista terá condições de bloqueá-lo rapidamente, antes que alguém saque o dinheiro. Outra dica importante para as viagens ao exterior é comprar cheques de viagem, que podem evitar prejuízos desnecessários. "Ninguém aceita trocá-los sem a assinatura atrás e sem o passaporte original. Mas para também não facilitar a vida do ladrão, leve o documento original somente na casa de câmbio onde for trocá-lo. Depois, deixe o passaporte no cofre do hotel e circule pela cidade apenas com a cópia", aconselha Elizabeth. "Lembre-se de declarar no hotel o valor dos cheques de viagem, a quantia em dinheiro e os pertences valiosos que depositar no cofre", complementa.

Quando chegar ao aeroporto – um dos lugares mais visados por bandidos à procura de dólares dos gringos – é preciso estar sempre alerta. José Carlos Vieira, presidente em exercício da Abav nacional, dá algumas dicas: "Nos aeroportos, mantenha a bolsa próxima ao corpo, nunca deixe-a solta nos carrinhos. Também não recomendo abrir a carteira com dinheiro e passaporte. Aconselho usar aqueles porta-documentos que ficam dentro da calça. Reserve pequenas quantias no bolso para os primeiros gastos. Para não chamar a atenção, evite tirar fotos ou filmar, e coloque o laptop em mochilas em vez de usar aquelas pastas que denunciam o que têm dentro".

Se os turistas não tiverem um transporte contratado anteriormente, é mais seguro pegar táxi somente de cooperativas. Aceitar carona ou abordagem de pessoas desconhecidas pode ser uma furada. Há muitos táxis clandestinos rondando aeroportos e rodoviárias.

Infelizmente, fazer turismo na maioria das grandes cidades do mundo requer olho vivo ao mesmo tempo em que se curte os programas. Levar apenas uma quantia estimada de quanto será o gasto do dia, usar roupas discretas e evitar ficar andando com máquinas fotográficas e filmadoras na mão são medidas que podem safar o turista de furtos e roubos. "Antes de sair para conhecer os atrativos da cidade, é bom pegar algumas dicas na portaria do hotel. Normalmente eles dão informações bem confiáveis. Se for visitar algum atrativo mais perigoso, como o bairro negro de Nova York (Estados Unidos) ou a favela da Rocinha, no Rio, vá somente em excursões ou acompanhado por um guia", recomenda a agente de viagens Silvia Moreira.