O candidato da Grande Aliança (PSDB-PMDB) à Presidência da República, José Serra (PSDB), aproveitou a alta recorde do dólar nesta quinta-feira para chamar o adversário Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao confronto. Serra pediu clareza de propostas na área econômica, criticou a resistência do petista em participar de todos os debates pretendidos pelas rádios e TVs do país e prometeu que fará o valor da moeda americana cair.

Mostrando sintonia com os investidores, Serra prometeu um governo de "previsibilidade" e compromissos econômicos. "Com um governo de credibilidade, um programa coerente em matéria fiscal, em matéria monetária e em matéria de metas de inflação, nós vamos conseguir fazer o dólar ir para baixo. Daremos tranqüilidade à economia, turbinaremos as exportações e substituiremos importações. Acima de tudo, nossa política econômica vai ter previsibilidade para os investidores. Os investidores precisam ter garantia a respeito do seu futuro", discursou Serra, em Goiânia. Àquela altura, o dólar já havia ultrapassado a casa dos R$ 4 no pregão desta quinta, fechando no recorde de R$ 3,99.

Serra aproveitou a ocasião para chamar Lula ao debate sobre o dólar. "Essa é uma questão típica que os candidatos deveriam estar debatendo. Se vamos ter de trazer o dólar para baixo, é preciso que os candidatos apresentem suas propostas. Como eles vão fazer para diminuir o preço do dólar, para que não aumente o pão, o biscoito, o macarrão, a gasolina. O Brasil tem o direito de saber o que pensam o Serra e o Lula a esse respeito e comparar as posições dos dois."

A estratégia de convocar o adversário para o confronto se tornou ainda mais nítida. "Evitar o debate é como se houvesse posições a esconder, como se houvesse mais de um PT: o PT bonito da TV, o PT do MST, o PT das administrações públicas", cutucou Serra. "Quando a gente debate não há teleprompter, não há texto escrito que fica falando no horário eleitoral, que alguém preparou. Não tem trilha emocional."

Defesa - O senador eleito pelo PT paulista e coordenador econômico do partido, Aloizio Mercadante, afirmou que o governo tem outras medidas para controlar a alta do dólar e não as está utilizando. Ele ainda cobrou uma postura mais firme de Banco Central na condução do câmbio.

Mercadante negou que a alta recorde do dólar tenha motivos financeiros e argumentou que a disparada se deve ao vencimento de US$ 3,8 bilhões em títulos públicos no próximo dia 17. "O mercado força a desestabilização do real para ter ganhos especulativos", disse. "O BC pode impedir esses surtos especulativos."

O parlamentar ainda criticou a fala do presidente do BC, Armínio Fraga, na quarta-feira, quando ele cobrou o PT por um suposto discurso dúbio na área econômica. "Achei a declaração improcedente", comentou Mercadante, destacando que o PT já visitou o presidente Fernando Henrique para firmar compromissos sobre respeito a contratos com investidores, metas de superávit e acordos com o Fundo Monetário Internacional (FMI).