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Depressão leva 15 mil às unidades de saúde públicas da região

Especialista destaca importância do diagnóstico precoce; tristeza, mudança de humor e distúrbios de apetite estão entre os sintomas

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
12/01/2020 | 07:00
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Divulgação/Fotos Públicas


“Não conseguia sorrir, seguir minha vida e ser feliz”, observa Renata, estudante de biomedicina de 20 anos, moradora de Santo André, sobre os dias de angústia que sofreu antes do tratamento contra a depressão. O diagnóstico da doença foi realizado após os pais perceberem as mudanças no comportamento da jovem e a incentivarem a procurar ajuda médica logo no início. “Ela estava sempre triste, não comia nada, inclusive, emagreceu muito. Além disso, todas as noites, escutava ela chorando no quarto”, relembra a mãe. Assim como Renata, pelo menos 15 mil munícipes de três cidades da região travam batalha contra o considerado mal do século.

Mudança de humor, insônia, falta (ou aumento) de apetite e dor no peito são alguns dos sintomas listados pelo Ministério da Saúde como indicativos de depressão, um dos principais distúrbios da mente atendidos nos pronto-socorros psiquiátricos, Caps (Centro de Atenção Psicossocial) e Raps (Rede de Atenção Psicossocial) do Grande ABC, conforme as administrações. Segundo especialistas, o mal pode ser ocasionado por problemas no trabalho, em relacionamentos ou por transtornos sociais.

Professor de psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Nelson Fragoso destaca que a doença “não pode ser considerada uma moda”, por isso, é fundamental a identificação correta da depressão. “Não é porque você está enfrentando dias ruins que está com depressão. Infelizmente, muitos pacientes se automedicam com base na internet, o que soma cada vez mais diagnósticos errados”, comenta.

Fragoso ainda observa que a abordagem do especialista diante do paciente também é importante para determinar o diagnóstico. Segundo ele, se o doente tem um trabalho bom ou motivos para ficar feliz e mesmo assim “enxerga o mundo em preto e branco” é “muito provável que a doença esteja aparecendo”. Além disso, caso a situação seja a de apenas uma fase ruim da vida, “com auxílio de terapia, o diagnóstico pode não evoluir para a depressão. Isso é o mais importante”, ressalta.

Para Fragoso, o público com maior tendência a ter depressão é o de 16 a 19 anos. “Para conseguirmos tratar a depressão é necessário trabalhar com a prevenção. Por mais que a geração mais jovem seja propícia à doença, qualquer idade está sujeita. Cada caso precisa ser trabalhado de uma forma ”, diz.
O Diário usou nomes fictícios para preservar a identidade das personagens.

NA REGIÃO
De acordo com os dados obtidos pelo Diário por meio das administrações municipais – São Bernardo, São Caetano e Ribeirão Pires –, atualmente, pelo menos 15 mil munícipes são atendidos na rede municipal para tratamento da doença.

São Bernardo, por meio da Secretaria de Saúde, realizou 6.024 atendimentos em pacientes diagnosticados com depressão no ano passado. Ao todo, foram 304 internações pela doença.

Já em São Caetano, em 2019, foram atendidos 9.432 pacientes com depressão. A Prefeitura destaca que quem quiser procurar o Caps para tratamento não precisa de encaminhamento. Basta comparecer à unidade e passar por acolhimento. Dentre os atendimentos realizados estão visita domiciliar, terapias comunitária e individual e psicoterapia.

Em Ribeirão Pires, atualmente, são atendidas 356 pessoas, sendo 64 no Caps infantil, 27 na unidade especializada em álcool e drogas e 265 no centro de atenção psicossocial adulto. A Prefeitura ressalta que está realizando o matriciamento do serviço de saúde mental na cidade, integrando as unidades para o acolhimento, diagnóstico, tratamento e acompanhamento dos pacientes.

As cidades de Santo André, Diadema, Mauá e Rio Grande da Serra não detalharam os atendimentos realizados até o fechamento desta edição.




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