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Diocese de Santo André celebra 65 anos de atividades

Igreja aposta na solidariedade e evangelização dos vulneráveis para conter perda de fiéis

Por Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
23/07/2019 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 A Diocese de Santo André, responsável pelas sete cidades, celebrou ontem 65 anos de existência. Para o bispo dom Pedro Carlos Cipollini, líder da Igreja Católica na região, o trabalho desempenhado ao longo dos anos pode ser resumido em solidariedade. “Escolho essa palavra no sentido da fé de Deus e entre nós, nos ajudando e querendo sempre o melhor”, observa. 

Criada pelo Papa Pio XII, a organização acompanhou as mudanças observadas na região ao longo dos anos. Desde os reflexos socioeconômicos da industrialização até os impactos da ditadura militar, a Diocese de Santo André desempenhou papel importante na acolhida aos moradores.

Em 2016, para diagnosticar a transformação do Grande ABC, a Igreja Católica encomendou pesquisa à USCS (Universidade Municipal de São Caetano). O documento apontou que o número de católicos na região caiu pela metade desde a década de 1960, quando 90,7% dos 499.398 moradores seguiam a religião – em 2016, 46,8% dos 2,7 milhões de habitantes se declaravam católicos.

Cipollini minimiza o cenário, embora reconheça que é difícil recuperar os fieis. “Se estão com Jesus, está ótimo. Essa diversidade é bonita. Que seja sempre para o bem. Vamos evangelizar quem saiu, quem entrou e quem permanece.”

Segundo o levantamento, 8,2% migraram do catolicismo para igrejas evangélicas de missão (como metodistas e presbiterianas); 27,1%, para as pentecostais (mais recentes, como a Igreja Universal do Reino de Deus e Assembleia de Deus); 3.9% se converteram ao espiritismo; 4,6%, à outras doutrinas (como umbanda, candomblé e budismo) e 9,4% optaram por não seguir mais nenhuma religião.

Como estratégia para reconquistar o público, a Diocese aposta na evangelização. “Percorremos abençoando diversos hospitais, casas e escolas. Sempre na companhia de fiéis que já estão com a gente e de fiéis que acabaram de se juntar a nós. As pessoas por aqui são muito dinâmicas e continuaremos essa missão que vem desde o início da Diocese”, destaca o bispo, que ocupa o cargo há quatro anos.

As comemorações começaram na sexta-feira e se estenderam ao longo do fim de semana nas 105 paróquias do Grande ABC. Para coroar a programação, missa foi realizada na Catedral do Carmo, no Centro de Santo André, ontem. Cerca de 800 pessoas participaram do encontro, inclusive padres, diáconos e seminaristas da Diocese.

Organização nasceu de campanha feita por políticos e líderes católicos

A Diocese de Santo André foi fundada em 22 de junho de 1954 pelo Papa Pio XII. A criação da instituição foi necessária porque a Arquidiocese do Estado de São Paulo se encontrava sobrecarregada. Somente o Grande ABC contava com 320 mil habitantes e 12 paróquias.

Por meio de campanha dirigida por comissão integrada pelos prefeitos de Santo André, São Bernardo e São Caetano, a instituição foi viabilizada. Também faziam parte os presidentes das Câmaras municipais das três cidades e o Vigário da Paróquia do Carmo, à época, padre José Bibiano.

O mesmo documento que criou a diocese nomeou como seu líder o bispo dom Jorge Marcos de Oliveira, carioca de 38 anos, que tomou posse em setembro de 1954. Ele realizou trabalho pastoral até dezembro de 1975. Também lideraram a Igreja Católica na região dom Cláudio Hummes, dom Décio Pereira e dom Nelson Westrupp, antes de dom Pedro Carlos Cipollini, atual bispo.




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