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Falta antidepressivo em S.Bernardo
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
12/05/2006 | 08:13
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Faltam antidepressivos e medicamentos para controle de ansiedade e de transtorno obsessivo e compulsivo no Ambulatório de Saúde Mental de São Bernardo. Quarta-feira, a reportagem constatou a falta de pelo menos três desses remédios: o Haldol 5 mg (para esquizofrênicos e psicóticos), o Clomipramina 25 mg e o Amitriptilina 25 mg (ambos antidepressivos para pacientes com pânico ou obsessivos complusivos). O Haldol está em falta desde o dia 12 de abril; os outros dois, há pelo menos uma semana, segundo funcionários.

A Prefeitura de São Bernardo informou que o Clomipramina e o Amitriptilina estarão disponíveis a partir de sexta-feira no ambulatório. Porém, não informou o motivo da falta dos dois remédios durante uma semana. No caso do Haldol, o problema ocorre por causa da greve dos funcionários da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e a previsão é que seja entregue ao município até o próximo dia 16. A greve durou do dia 17 de fevereiro ao dia 1º março.

Embora os medicamentos não sejam caros – a caixa com 20 comprimidos do Amitriptilina custa R$ 11,33 e os demais em torno de R$ 7 –, os pacientes alegam não ter condições de comprá-los em função da grande quantidade consumida diariamente. É o caso do motorista de ônibus Vanilto Busquet de Souza, 35 anos, que desde setembro de 2004 está afastado das atividades para tratamento psicológico e precisa tomar diariamente seis comprimidos do Clomipramina 25 mg. “Preciso comprar nove caixas por mês. Fica muito caro.”

Segundo Souza, para complicar a situação, o convênio médico da empresa em que trabalha venceu no dia 31 de março e ainda não foi renovado. Com isso, teve de recorrer à rede pública de São Bernardo para dar continuidade ao tratamento. “Fui ao ambulatório e não me atenderam. Tive de ir ao Pronto-Socorro Central na última segunda-feira e pegar o encaminhamento para ser atendido no ambulatório. Passei por um psicólogo e tenho retorno marcado para o dia 7 de julho.” A Prefeitura informou que para ser atendido no ambulatório o paciente precisa ter encaminhamento feito por UBS (Unidade Básica de Saúde) ou pelo PS Central.

O aposentado José de Lima Ferreira, 46 anos, faz tratamento psiquiátrico desde 1987 e não toma o Haldol desde o último dia 5. “Isso nunca aconteceu. Pego três caixas com 20 comprimidos cada uma, quantidade suficiente para dois meses.”

Conforme explicou o professor titular de psiquiatria da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Marcos Ferraz, a interrupção por período prolongado na administração desses medicamentos pode reagravar a crise dos pacientes. “No caso do Haldol, usado em esquizofrênicos, a pessoa pode voltar a ter crises delirantes. Na ausência desses remédios, é aconselhável a substituição por outros similares.”



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