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Superficialidade irresistível de ‘OC’
Danilo Angrimani
Do Diário do Grande ABC
17/03/2005 | 12:17
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Os fãs da série OC – Um Estranho no Paraíso não têm do que se queixar. Já está nas locadoras um pacotaço com sete DVDs (Warner) que soma 1.182 minutos dos 27 episódios da primeira temporada. Além disso, há momentos extras que mostram a escolha do elenco, da música-tema (California, Here We Come, do Phantom Planet) e o trailer da segunda temporada. O preço é uma paulada, para quem não vive no ensolarado e milionário litoral californiano: R$ 139,90.

OC é a abreviação de Orange County (Condado Laranja, na tradução literal), uma pequena fatia da Califórnia (Estados Unidos). O lugar existe na vida real. Vivem lá, em 66 cidades e comunidades, 3 milhões de pessoas.

A série começou a ser exibida nos Estados Unidos em agosto de 2003 e caiu nas graças do público (lá, a segunda temporada tem ficado em 4º lugar nos rankings de audiência). Em OC, todos são ricos, desejáveis e sedutores. Eles moram em condomínios fechados e exclusivos, rodeados de áreas amplas e verdejantes, piscinas aquecidas e o Oceano Pacífico no fundo da janela, a título de paisagem.

O lugar é a perfeição em estilo e modo de vida. Fora dali, há violência, criminalidade e a ameaça mais temida de todas: a pobreza. O personagem principal é Ryan, um adolescente de 17 anos, o “estranho do paraíso”, segundo o subtítulo dado à série no Brasil. Ryan foi preso roubando um carro com o irmão mais velho. Na realidade, o irmão roubou o carro e ele, bobinho, embarcou de laranja na história.

Na Febem americana, Ryan conhece o advogado Sandy Cohen, um idealista, que trabalha como defensor público, e é casado com a milionária Kirsten. O advogado tenta devolver Ryan para a mãe, mas a mulher é alcoólatra, tem um amante e desaparece de casa, levando toda a mobília e abandonando o filho.

Até encontrar uma saída, o defensor público arrasta o garoto-problema para sua mansão em um sofisticado condomínio de luxo de Orange County. A milionária loira Kirsten quer pôr o delinqüente para fora de casa, mas Ryan cai nas graças da família, vira o melhor amigo do filho único Seth, também de 17 anos, e muda radicalmente de vida. Um Cinderelo.

Ryan passa a freqüentar a mesma escola dos ricos, namora com garotas lindas que usam saias curtíssimas (às vezes, estão seminuas) e parecem sempre disponíveis a dar um longo beijo de língua na primeira boca que se apresenta.

 Acontecem os conflitos previsíveis entre os enciumados filhinhos de papai e Ryan, a ameaça a ser banida de OC. Ryan estudou em escola pública, tem passagem pela polícia, foi criado em um bairro de má fama e, o pior defeito de todos, o mais grave, imperdoável: é duro.

Atores – O elenco de OC conta com Peter Gallagher, que faz o defensor público. Ator conhecido, Gallagher tem sobrancelhas espessas estilo taturana e faz aquele gênero que, quando começa o filme, a gente simpatiza ou detesta quase que imediatamente. Ele estrelou vários sucessos de bilheteria como sexo, mentiras e videoteipe, Titanic e produções médias do tipo Enquanto Você Dormia e A Revelação. Gallagher é um cinqüentão, com jeito de playboy. Às vezes, simpático, gente boa (como em OC), às vezes cafajeste e desprezível (sexo, mentiras e videoteipe, Titanic).

A mulher dele, em OC, é interpretada por Kelly Rowan, uma veterana em séries. Ela iniciou a carreira em Dallas, um dos maiores sucessos da TV norte-americana. Mais recentemente, tem dado as caras em CSI. Em OC ela encarna o ideal da mulher norte-americana: ama o marido, mas flerta platonicamente com um antigo amor; cuida da casa, do filho; mantém a família unida; e ainda é uma empresária bem-sucedida.

‘Velhinhos’ – Os adolescentes de OC não são tão jovenzinhos assim. Ben Makenzie, que faz o papel de Ryan, está com 26 aninhos. Adam Brody, que interpreta Seth, tem 25. Entre as garotas, Rachel Blisson, 23, é Summer, uma morena atraente, sexy, avoada, melhor amiga de Marissa (Mischa Barton, 18).

Marissa é a grande paixão de Bryan. Cabelo liso caindo pelos ombros, minissaia, sandália havaiana, jeito irresistível de ninfeta, ela, na primeira temporada, divide-se entre Luke, um loiro apolíneo, herói da escola, e o amor proibido com o outsider Ryan. Na segunda temporada, Marissa parte para outra. Ela deixará os meninos de lado para se aproximar da estonteante Alex (Olivia Wilde).

A internet oferece sites que trazem o resumo dos episódios e até a oportunidade para baixar e assistir o seriado em seu computador. Em português, um dos mais caprichados é o blog: www.insidetheOC.blogger.com.br

Para finalizar, não há em OC nenhuma grande interpretação, nenhum grande tema em debate, nada que vá mudar a minha vida ou a sua, mas a gente assiste e até gosta, mesmo sentindo um pouco de culpa por essa superficialidade desviante.



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