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'Casa do lixo' no bairro Jardim continua abandonada
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
16/11/2002 | 18:35
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Três dias após os policiais militares encontrarem o ex-professor de natação Renato Guazelli deitado em uma montanha de entulho, cercado por baratas e garrafas PETs cheias de urina, na casa de número 47, na rua Almirante Protógenes, no bairro Jardim, em Santo André, nada mudou dentro do imóvel de classe média. A não ser a ausência de Guazelli e da filha, Sônia Helena, que sofre de problemas mentais. Ambos estão no Centro Hospitalar de Santo André.

Neste sábado à tarde, um funcionário da Defesa Civil de Santo André disse que a retirada dos gatos e o início da limpeza da casa começam só nesta segunda. Os vizinhos de Guazelli dizem que não cansam de solicitar à Prefeitura que iniciem a limpeza do local, prometida para quinta-feira passada. Os funcionários disseram na quarta-feira que retirariam os animais da casa no dia seguinte para iniciar a limpeza e dedetização do imóvel. “O cheiro está cada dia pior”, disse um vizinho que não quis se identificar.

As montanhas de entulho, os vários gatos e um cachorro continuam escondidos nos cômodos da casa que tornou-se uma espécie de ponto turístico. “Tem muita gente passando, apontando e comentando o caso”, disse o vizinho. Problema maior enfrenta a família que divide o muro com a casa 47. “As baratas estão invadindo nossa casa e como os animais estão sem comida, se deixar as portas e janelas abertas eles entram”, reclamou a empregada.

Na quarta-feira, quando 25 gatos e oito cães foram retirados da casa, o Departamento de Zoonoses disse que retornaria ao local para continuar o trabalho. Ontem, a reportagem encontrou pelo menos mais um cachorro e 20 gatos no quintal e telhado. No quarto onde o ex-professor de natação dormia, outros nove gatos estavam engalfinhados sobre o colchão cheio de urina e fezes.

Segundo funcionários do Centro Hospitalar, a filha do aposentado que mora em Florianópolis, Sílvia Guazelli, visitou o pai e a irmã na sexta-feira. Pai e filha estão no mesmo quarto e ainda não existe previsão de data para receberem alta.

Antigas – A ex-secretária de Lauro Gomes, ex-prefeito de São Bernardo, Rita Ângela Vincaglia, 72 anos, conhecia o professor e se diz inconformada com o estado em que chegou a vida do homem. “Fazíamos parte da mesma patota, vivíamos juntos nos encontros dos jogos escolares. O Renato trouxe muitas glórias para a cidade.” Desde que tomou conhecimento do caso, Rita tenta reencontrar os antigos amigos. “Precisamos fazer alguma coisa. Ajudar no que for necessário.”

O mesmo sentimento tem o ex-aluno de Guazelli, Paulo Roberto Polastro, de Santo André. “Vou entrar em contato com o Senai, onde ele deu aula para mim de 1963 a 1965.” Os amigos não souberam dizer se Guazelli tem outros parentes além da filha que atualmente mora em Santa Catarina. A mulher do ex-professor, lecionava piano e morreu há cerca de dois anos.




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