``Eu votarei no insosso', proclama esta quinta-feira o título de um artigo do cineasta norte-americano, publicado na primeira página de um suplemento especial do jornal francês Le Monde dedicado à eleiçao presidencial nos Estados Unidos e elaborado em colaboraçao com o New York Times.

Woody Allen considera que ``estamos assistindo a uma competiçao inexplicavelmente ajustada entre um candidato perfeitamente inepto para governar uma grande naçao (George W. Bush) e outro que seria um excelente chefe de Estado se nao carecesse de carisma nem parecesse tao relaxado'.

Após destacar a importância da imagem em uma eleiçao norte-americana, Allen ironizou sobre o concurso de beijos entre os dois candidatos.

O beijo de Gore em sua esposa, ``nao verdadeiramente ardente e apaixonado, mas conjugal e respeitoso', o converteu em ``um homem sexual, capaz de vibrar'.

Quanto a George Bush, Woody Allen acha que, por assim dizer, matou dois pássaros com um só tiro ao beijar Oprah Winfrey na televisao. ``Nao apenas ela apresenta um show que faz muito sucesso, como também é negra', escreveu.

Mas acrescentou que ``o verdadeiro golpe de gênio político dos democratas foi a nomeaçao de Joe Lieberman, um judeu, como companheiro de chapa de Gore, para a vice-presidência'.

``Embora pregue ideais de tolerância e de decência, os Estados Unidos nao se sentem cômodos com os judeus que vao longe demais nas eleiçoes nacionais', considerou o diretor de ``Manhattan'.

Voltando ao humor, Woody Allen faz uma comparaçao entre Joe Lieberman, ``que fala de Deus permanentemente e em termos muito calorosos', e o candidato republicano à vice-presidência, Dick Cheney, que ``também conhece bem Deus, mas nao tanto como Lieberman'.

``Cheney se sente mais cômodo com os grandes empresários, alguns dos quais têm provavelmente mais influência do que Deus', ironiza.