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Óleo combustível vaza na Serra do Mar
James Capelli
Do Diário do Grande ABC
06/05/2001 | 19:15
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  Um tonel danificado com capacidade para 80 mil litros de óleo bruto, de uma estação abandonada pela Rede Ferroviária Federal no começo da década 80, na região de Paranapiacaba, em Santo André, é responsável pelo vazamento de centenas de litros desse óleo na Mata Atlântica da Serra do Mar, área de preservação ambiental. A ferrugem e reações químicas abriram rombos no reservatório por onde o óleo escapou, contaminando o solo. A reportagem do Diário esteve no local na semana passada e constatou que a vegetação atingida pelo vazamento morreu. Há cerca de 20 cm de óleo cru sobre o solo nas áreas próximas ao reservatório e 35 cm sob o tonel.

O vazamento está a menos de 20 m da principal nascente do rio Mogi, que passa por Cubatão e pode ter sido contaminado. A denúncia foi feita por um funcionário da empresa que atualmente explora a ferrovia, a MRS (Malha Regional São Paulo), que pediu para não ser identificado.

A MRS não é responsável pelo trecho onde acontece o vazamento. A área pertence à Rede Ferroviária (que está em fase de liquidação). Os equipamentos e as estações abandonadas fazem parte do patrimônio histórico, pois foram tombados pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico Arquitetônico e Turístico), e deveriam ser preservados.

A reportagem informou o vazamento à Cetesb (Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental), regional do ABC. O engenheiro responsável, Luiz Antônio Brun, enviou uma equipe ao local para avaliar o impacto ambiental do derramamento de óleo. “Em avaliação preliminar das fotos que tiramos, acredito que o vazamento começou há muito tempo. Talvez o grande impacto no ambiente tenha ocorrido há alguns anos. Mas o resíduo continua lá e não se dispersa com as chuvas. Vamos autuar a Rede ou quem for responsável, solicitando que retirem o óleo e limpem a área.”

A Rede, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que desconhecia o vazamento e que está aguardando uma comunicação oficial da Cetesb para tomar as providências necessárias. A assessoria salientou que a rede reconhece a importância ecológica da área.

O trecho da estrada de ferro abandonada na serra é de 10 quilômetros. Há outras quatro estações, como a de Santo André, também abandonadas. A última é dentro da vila de Paranapiacaba, onde o reservatório de óleo (também desativado) está em boas condições, sem vazamentos. Outras três plataformas, que estão em Cubatão, têm reservatório de óleo, mas suas condições são desconhecidas.

Segundo o engenheiro Brun, a avaliação na semana passada se restringiu ao reservatório que está vazando devido ao difícil acesso até as estações abandonadas. “Não tivemos condições de seguir na descida da serra para avaliar a condição dos outros reservatórios de Cubatão. A trilha está abandonada há muito tempo e ficou perigosa. As pontes e túneis que dão acesso ao local não oferecem segurança. Já houve risco para chegar ao vazamento. Seguir seria imprudente.”

O engenheiro disse que irá se reunir com técnicos da Cetesb de Cubatão para encontrar uma forma de avaliar as condições dos outros reservatórios.




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