O Último Bandoneón, de Alejandro Saderman, não é um documentário convencional apenas porque seus personagens são verdadeiros mas, de tempos em tempos, interpretam a si mesmos. Não existe "história" a contar, a não ser que se considere assim a de Marina Gayotto, que toca o instrumento intimamente associado ao tango e procura ter aulas com o mestre renomado Rodolfo Mederos, que tocou com Piazolla e dele herdou a arte e o próprio instrumento.

Marina seria "avis rara" no meio dos músicos de tango, no qual predominam homens. Ou "predominava"? Sim, porque o filme que, por um lado, mostra o mundo antigo do tango, revela também o presente - é apreciado pela juventude, eventualmente mixado a ritmos modernos e há muitas mulheres que tocam seu instrumento principal, o bandoneon. E é atrás de um bandoneon novo que Marina está, pois o seu é meio imprestável e sem conserto. A certa altura, o mestre diz que a moça tem talento mas está arrastando "um elefante morto."

Marina tenta vaga na escola de Mederos e procura outro instrumento: tem de ser um Doble A, já não mais fabricado. Se vê obrigada a garimpar oficinas, conversar com luthiers, convencer senhoras revendedoras da raridade, e finalmente ir a leilão.