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Febre nos anos 80, permanente de cabelo faz 100 anos
Por Da AFP
09/10/2006 | 17:41
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Após reinar absoluto na cabeça de cantores pop, estrelas de cinema e simples mortais nos anos 80, o permanente químico, criado há 100 anos por um cabeleireiro alemão, hoje se tornou símbolo do mau gosto, exceto para alguns nostálgicos.

Esta técnica, criada para encaracolar de forma "permanente" os cabelos lisos com a ajuda de produtos químicos, quase deixou careca sua primeira cobaia, a mulher de Karl Nesser, um cabeleireiro originário da Floresta Negra, no sudoeste da Alemanha.

Antes de aperfeiçoar uma técnica com base de bicarbonato, borato de sódio e gigantescos rolos metálicos aquecidos a fogo, as muitas tentativas de Nessler nos cabelos da esposa causaram gritos de dor e lhe renderam várias bofetadas.

Nessler finalmente apresentou a técnica em 8 de outubro de 1906, em Londres, e mandou patenteá-la.

Rapidamente, foi adotada na Inglaterra e nos Estados Unidos, onde o cabeleireiro revolucionário se instalou em 1915. Mas Nessler acabou morrendo sozinho e em relativa pobreza em 1951, depois que a crise de 1929 acabou com a maior parte de sua fortuna.

Mas foi nos anos 80 que o permanente realmente conquistou o mundo. "Era verdadeiramente espantoso. Havia rolos por todos os lados", lembra Josef Kuveler, diretor artístico da Federação Alemã de Artesãos Cabeleireiros, citado pelo jornal Suddeustche Zeitung.

"O permanente dos anos 80 parecia a conseqüência de uma explosão no secador de cabelos", lamenta Martina Acht, campeã mundial de cabeleireiros radicada em Offenbach, centro-oeste da Alemanha.

Apesar de sua estética polêmica, a permanente floresceu nas cabeças de cantores pop, como atestam os caracóis descoloridos dos suecos do grupo Europe, autores de um dos hits dos anos 80, "The final countdown" (1986).

Atrizes como Farrah Fawcett, as heroínas das novelas americanas Dallas e Dinastia e até mesmo vários jogadores de futebol adotaram o penteado e enriqueceram os cabeleireiros nos anos 80.

Pôsteres com os cachos de Sepp Maier, lendário goleiro do Bayern de Munique e da seleção de futebol alemã, decoravam na época as paredes dos salões de beleza de todo o país.

Apesar de tanto sucesso, hoje o permanente químico caiu em desuso. Segundo uma recente consulta do instituto alemão GFK, especializado em consumo, apenas 3% das mulheres alemãs recorrem à técnica, de acordo com o site hairweb.de.

"No meu salão é proibido pronunciar esta palavra", afirma um dos maiores cabeleireiros do país, o berlinense Udo Walz, ao jornal Süddeustche Zeitung.

Os profissionais do setor admitem, no entanto, que os rolos e as ondulações ainda têm espaço em seus salões, mas com outros nomes, devido a métodos menos agressivos e, sobretudo, com resultados mais discretos.

No entanto, o permanente ainda tem um punhado de nostálgicos admiradores. Entre eles está Oliver Bohn, um cabeleireiro de 31 anos que quer abrir neste mês um museu em homenagem ao inventor do permanente em sua pequena cidade natal de Todtnau.




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