Balanço divulgado ontem pela Anip (Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos) revela que a venda de pneus novos no País teve queda de 3% no primeiro trimestre de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado. Em números absolutos, o total de unidades comercializadas passou de 18,2 milhões para 17,6 milhões, quase 600 mil a menos. A produção total foi 7,6% menor.

A retração foi puxada, principalmente, pelo desempenho ruim do mercado de montadoras: redução de 27,8% nas vendas. O presidente da Anip, Alberto Mayer, afirma que essa diminuição está diretamente ligada ao decréscimo nas vendas de veículos zero-quilômetro no Brasil, situação que é consequência da queda na renda da população, da restrição ao crédito e do temor dos consumidores em contrair dívidas de médio e longo prazos. Segundo a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), a comercialização de veículos novos no País caiu 28,62% no período.

Já a demanda por pneus para reposição reduziu em menor escala: 1,8%. “Isso tem a ver com a desvalorização do câmbio do ano passado para cá, que fez com que os pneus importados ficassem mais caros, e os produtos nacionais ocuparam esse espaço.”

Ainda no que diz respeito ao mercado de reposição, Mayer diz que chama atenção o fato de as vendas de pneus para motocicletas terem registrado queda de aproximadamente 15% no trimestre. Isso porque, entre 2013 e 2014, houve crescimento acentuado nas vendas desses veículos no País. Portanto, o natural seria que os proprietários dessas motos trocassem os pneus agora. “Acredito que esteja havendo fuga para os pneus reformados, o que é proibido e perigoso.” As vendas de pneus de caminhões recuaram cerca de 40%. “O que é natural, considerando o desaquecimento da economia e o menor volume de cargas em circulação”, acrescenta.

As exportações, por outro lado, tiveram aumento de 26,4%, o que evitou que o desempenho do setor fosse pior. Mayer explica que a Argentina teve peso importante nesse cenário. Ele salienta que o governo do presidente Mauricio Macri, que teve início em dezembro, derrubou barreiras protecionistas, o que favoreceu as vendas para lá. Além disso, o executivo da Anip destaca que, nas últimas semanas, foram assinados acordos comerciais com Colômbia, Peru e Uruguai, o que deve favorecer ainda mais as vendas ao Exterior.

EMPREGO - No Grande ABC, cerca de 230 funcionários foram demitidos das fábricas da Pirelli e da Bridgestone, ambas em Santo André, desde a metade de 2015. Segundo o presidente do Sindicato dos Borracheiros da Grande São Paulo, Marcio Ferreira, os cortes se estabilizaram nas últimas semanas.

Em todo o País, só no trimestre, houve a dispensa de 1.000 trabalhadores do setor, totalizando 28 mil profissionais.