Funcionários de sete empresas de ônibus intermunicipais que circulam entre o Grande ABC e a Capital anunciaram greve a partir de segunda-feira por falta de pagamento dos salários. A paralisação das 39 linhas das empresas Viação São Camilo, Urbana Santo André, Viação Ribeirão Pires, Eaosa (Empresa Auto Ônibus de Santo André), Viação Imigrantes, Viação Riacho Grande e Triângulo afetará 90 mil passageiros, que utilizam o transporte diariamente.

O empresário Baltazar José de Souza, proprietário do grupo de empresas, admite o problema e justifica que tentou negociar junto ao Sintetra (Sindicato dos Rodoviários do Grande ABC) para que o pagamento dos cerca de 2.000 funcionários fosse realizado de maneira escalonada até quarta-feira. “A empresa não quer greve. A pior coisa do mundo é não honrar com o salário dos funcionários, por isso, protocolei essa proposta”, destaca.

Para o presidente do sindicato, Francisco Mendes da Silva, o Chicão, a tentativa de acordo sugerida pela empresa é indiscutível. “O funcionário tem que pagar as contas e não pode esperar. Não é a primeira vez que atrasa os salários. Os trabalhadores já têm entendido a situação difícil da empresa há muito tempo”, considera.

Baltazar destaca que um dos agravantes para as dificuldades financeiras enfrentadas pelo grupo (que está em processo de recuperação judicial desde 2012) é o atraso nos repasses por parte da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) referentes às gratuidades de idosos e estudantes desde setembro de 2015. “Deveríamos ter recebido R$ 4,3 milhões, no entanto, a EMTU reteve R$ 1,5 milhão cobrando taxas indevidas e só repassou R$ 93 mil até agora”, reclama. A EMTU, por sua vez, destaca que não possui débitos com a empresa.

A Lei 15.179/2013, que estabelece a gratuidade para idosos no transporte intermunicipal rodoviário nas linhas do Estado, foi regulamentada em janeiro de 2014 pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB). Já a tarifa zero para os estudantes foi autorizada em fevereiro de 2015. “Amanhã (hoje) vou pessoalmente protocolar documento na EMTU e tentar uma audiência para regularizar essa questão”, ressalta Baltazar.

De acordo com o empresário, a Área 5 – responsável pela operação dos ônibus intermunicipais que atendem os municípios do Grande ABC – é problemática devido ao considerado baixo número de passageiros e trânsito intenso. “Temos muitas empresas em dificuldade financeira. Dessa forma, ficamos sem condições de melhorar a frota”, lamenta.

Conforme o Diário já noticiou, a EMTU projeta extinguir a área em questão. A proposta da empresa é redistribuir o território nos demais quatro para a realização de nova concessão. Isso porque, desde 2006, foram feitas seis tentativas de licitação da área, sendo cinco canceladas por falta de interessados e uma suspensa por ordem da Justiça.