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Lázaro Ramos rouba a cena
Diogo de Oliveira
Da TV Press
21/05/2006 | 09:33
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Lázaro Ramos é o primeiro a admitir que não consegue descer do palco. Seja numa roda de amigos, em casa, numa entrevista ou mesmo nos bastidores de Cobras & Lagartos, o ator sempre deixa escapar o afinado senso de humor presente em seus personagens. Na novela das sete da Globo, o jovem intérprete do azarado Foguinho está roubando a cena desde que a trama de João Emanuel Carneiro entrou no ar, há cerca de um mês. Leia a seguir os principais trechos da entrevista:

PERGUNTA: Em que o Foguinho é diferente em relação aos personagens que você já viveu?
LÁZARO RAMOS: O Foguinho é um personagem sem código nem similares. Por isso não se compara a nenhum outro papel que eu tenha interpretado antes. Na verdade, ele é uma mistura de vários outros. O Foguinho é, talvez, o personagem mais surpreendente que já vivi, pois nunca sei o que vai acontecer com ele e para onde vai. A cada semana, quando chega o roteiro, penso: ‘Olha o que o Foguinho está fazendo, gente! Olha para onde ele foi!’. Vou me surpreendendo com o personagem e usando essa surpresa para me surpreender na hora de interpretá-lo. O Foguinho, por exemplo, faz as pessoas rirem porque é azarado, mas o olhar que tenho dele foge um pouco à comédia, sem ser demasiadamente dramático. Existe também uma dor ali e é isso que eu acho bacana no personagem.

PERGUNTA: Você tem percebido uma identificação do público com seu personagem?
LÁZARO RAMOS: Tenho. E acho que as pessoas se identificam porque é meio como se cada uma delas estivesse ali fazendo as mesmas coisas que o Foguinho faz. Poder entrar numa loja grã-fina e fingir que é um cara chique e que tem dinheiro para comprar as coisas vendidas lá. Ou pode enganar alguém que é mais poderoso. Tem um quê de ingenuidade nele. Acho que o Foguinho é uma criança esperta e sapeca. E é aí que está o pulo do gato. O Foguinho tem a mesma torcida que um herói tem, mas ele pode falar e fazer coisas que um herói nunca vai poder fazer, em novela nenhuma. Ele pode ser torto, pode falar um absurdo, enganar as pessoas e até mentir. No fundo, o que ele busca é carinho, seja da família ou da mulher que ele ama.

PERGUNTA: Você nunca havia feito novela. Houve alguma dificuldade para compor o Foguinho?
LÁZARO RAMOS: Muito pelo contrário. Houve uma identificação imediata com o personagem e com o texto do autor. E tem uma qualidade que o João Emanuel Carneiro possui e que eu achei muito boa, que é não sonegar a história. Ele não tem medo de ficar sem criatividade e não saber o que escrever. Assim que eu li, gostei tanto da condução da história quanto da qualidade do texto, sempre muito bem-escrito e pensado. Não tem sobras. O João narra a história contando apenas o necessário para cada cena, sem dar voltas. E, junto com o autor, está a direção. O Wolf Maya e sua equipe estão fazendo um ótimo trabalho. Ele tem uma habilidade enorme de conceituar esse universo e consegue informar o que quer com clareza. Me sinto muito bem-cuidado e direcionado.

PERGUNTA: O que mais chamou sua atenção no processo de produção de uma novela como Cobras & Lagartos?
LÁZARO RAMOS: Existem duas características muito marcantes na televisão: a execução e a popularidade. Existe um bloco semanal em que o ator trabalha para construir seu personagem, que será exibido somente um dia e só poderá ser revisto na sessão Vale a Pena Ver de Novo. Portanto, na execução, tem o chamado "exercício do desprendimento". Como na TV o tempo é mais apertado, muitas vezes vou gravar as cenas do Foguinho provocando meu emocional para ir fazer e dar o melhor de mim, sem planejar ou pensar muito. Estudo em casa, mas na hora de interpretar a cena, me jogo no trabalho. Depois, vejo se deu certo ou não. Se não tiver acertado, penso que amanhã farei melhor.

PERGUNTA: Você imaginava que o Foguinho teria esse retorno do público?
LÁZARO RAMOS: De forma alguma. Acho, inclusive, que não fui eu quem desenvolvi isso. O João Emanuel Carneiro é quem criou o personagem. Agora, como eu não sou bobo, aproveitei a oportunidade e não negligenciei o Foguinho.

PERGUNTA: Você tem uma especial predileção por fazer comédia?
LÁZARO RAMOS: Na verdade, o humor sempre foi muito presente em mim. E é engraçado porque meus primeiros trabalhos pesados, como os filmes Madame Satã, Cidade Baixa e Carandiru, são todos muito sérios e dramáticos. Já na televisão, em Sexo Frágil, era muito bom fazer humor. Aliás, se você parar para pensar, era um coisa muito doida aquele programa! Um bando de homens vestidos de mulher fazendo um humor escrachado! Foi uma oportunidade única. Voltando no tempo, eu aprendi muito com o Bando de Teatro Olodum, onde me formei como ator profissional. Embora o grupo aborde assuntos sérios, como política, eles também utilizam muito o humor e improvisação em suas peças teatrais.




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