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‘Prodígio do Mundo Ocidental’, de John M. Synge, estréia em SP
Por Daniel Gutierrez
Especial para o Diário
11/05/2006 | 08:01
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Estréia no próximo sábado, no Sesc Ipiranga, em São Paulo, o espetáculo O Prodígio do Mundo Ocidental, de Jonh M. Synge. A peça do autor irlandês teve tradução, em 1968, de Millôr Fernandes e se passa na Irlanda do fim do século XIX, começo do século XX. O espetáculo fica em cartaz durante todos os sábados e os domingos de maio e julho, sempre às 20h. Em junho a peça entra em recesso.

Segundo a diretora Ariela Goldmann, o espetáculo, apesar de ter sido escrito há mais de um século, “discute temas contemporâneos”. Põe em debate a ética, o provincianismo, as celebridades, a negação dos pais para se firmar na sociedade, entre outros. “A peça é uma grande cebola, cheia de camadas a serem descobertas”, afirma Ariela.

A montagem conta a história de um lugarejo do interior da Irlanda que sofre um abalo quando o misterioso jovem, Cristy Mahon (Walmir Pavam), foragido de sua terra natal e da polícia, aparece por lá. A população local se agita com os boatos de que Cristy teria matado seu pai, o velho Mahon (Jorge Cerruti). Para um morador daquele povoado, o fato de um homem ter matado seu pai é um feito heróico, e o autor merece respeito e admiração. O rapaz está entrando no mundo adulto e gosta do sucesso que faz. Ele finge ser alguém que não é para ser aceito.

A ética dos personagens não existe, expondo o ser humano na sua fragilidade máxima. Enquanto os boatos sobre o garoto ficam no campo da lenda, ele é admirado, mas quando a realidade rasga ao vivo o olhar, o julgamento muda. “Poderia imaginar aqueles personagens transportados a qualquer boteco de beira de estrada no Brasil de hoje”, disse a diretora provando a contemporaneidade da montagem.

O cenário competente de Inês Sacay e de Ariela Goldmann transporta o público a uma verdadeira taverna da época. A parte externa do Sesc Ipiranga caiu como uma luva às intenções da diretora de criar o ambiente do estabelecimento sujo e mal cuidado descrito nos originais de Jonh M. Synge. Uma estrutura com colunas de tijolos aparentes, coberta com um telhado de madeira, e uma lareira grande ao fundo funcionando durante a peça foi determinante para a climatização do local. O cheiro de lenha queimando reforça a sensação de imersão na história. “Quando eu vi esta parte externa, não pensei duas vezes. É aqui”, disse a diretora.

O Prodígio do Mundo Ocidental – Teatro. No Sesc Ipiranga -– r. Bom Pastor, 822. Tel.: 3340-2000. Sábados e Domingos às 20h, só maio e julho. Ingr.: R$10, R$ 3 (para comerciários e associados) e R$ 5 (matriculados, estudantes e aposentados).



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