A frieza dos números indicaria que o clássico deste domingo colocaria frente a frente um São Paulo assustado pelo rebaixamento diante de um Corinthians que conduz o Brasileirão em banho-maria. Mas, como o futebol é capaz de reverter a própria lógica, são os são-paulinos quem chegam para o duelo no Morumbi, a partir das 16 horas, com a motivação alta e enfrentam um adversário que iniciou a competição como favorito, mas que pode terminar esta 28ª rodada do campeonato ameaçado pela degola.

Se por um lado o São Paulo vem de duas vitórias - uma delas sobre o líder Cruzeiro no Mineirão - e tem uma das melhores campanha do segundo turno (15 pontos em oito jogos), o Corinthians está em uma queda livre que parece sem fim, facilmente traduzida pelos péssimos números: ganhou apenas um dos últimos dez jogos e marcou três gols no período. O cenário fez até mesmo o prestígio do técnico Tite ser abalado - antes intocável, graças aos inúmeros títulos, o comandante corintiano teve que lidar nos últimos tempos com a possibilidade de demissão.

Normalmente explosivo por conta da rivalidade crescente especialmente nos últimos anos, o clássico deste domingo tem um ingrediente a mais: se vencer, o São Paulo iguala os 36 pontos do rival, mas fica à frente por levar vantagem no número de vitórias. O presidente do clube, Juvenal Juvêncio, admite que o triunfo teria um "gosto especial", mas o técnico Muricy Ramalho dá de ombros para a chance de complicar a vida corintiana e afirma que pensa apenas nos três pontos.

"Não tenho que pensar em pôr pressão em ninguém nesse momento, temos que fazer o nosso trabalho e esquecer das coisas e dos problemas dos outros. Nós nos preocupamos com a gente, com os outros não adianta. Daremos um passo à frente com a vitória, mas ainda estamos num momento delicado", explica o treinador do São Paulo.

Fortalecidos psicologicamente após bater o Vitória nos últimos minutos e surpreender o Cruzeiro no Mineirão, os são-paulinos admitem que precisavam de um momento de calmaria e esperam manter o mesmo espírito neste domingo. "Temos que pensar em vencer nossos jogos para nos afastarmos das últimas posições", analisa o meia Maicon, novamente titular. Para ajudar, o São Paulo tem os retornos de Rogério Ceni, Toloi, Denilson e Luis Fabiano. Em compensação, Wellington e Ganso cumprem suspensão.

Com apenas seis pontos somados no segundo turno do campeonato, o Corinthians entra em campo neste domingo sob a pressão de sua torcida. A mensagem foi passada logo que terminou, sem gols, o jogo contra o Atlético-PR, na última quarta-feira, em Mogi Mirim, no interior de São Paulo. Em coro, os torcedores corintianos cantaram que só a vitória interessa no clássico do Morumbi.

"Vencer faz você subir e ser campeão, perder te joga para o fundo. O empate o mantém no mesmo lugar e temos essa consciência", filosofa o treinador, ciente que, após 12 empates do Corinthians no Brasileirão, não há mais espaço para tropeços. "Temos de retomar o padrão de vitórias. Imagina o peso de uma derrota? É o mesmo da vitória, igual, e olho sempre esse lado."

Tite esperava contar com o atacante peruano Guerrero, mas ele ainda sente dores no pé esquerdo e foi vetado para o clássico. Assim, o ataque corintiano no Morumbi deve ter Romarinho e Emerson, enquanto Douglas e Danilo voltam a formar a dupla de meias.