"O que eles (Maluf e familiares) diziam que era especulação e mentira, demonstra a real existência de fundos e seus beneficiários", afirmou Marcelo Mendroni. Segundo ele, o documento encaminhado pela polícia financeira da Suíça confirmando a transferência dos valores para o paraíso fiscal de Jersey é oficial e pode ser considerada como uma importante prova na acusação de lavagem de dinheiro.
Marques, que poderá denunciar o ex-prefeito por improbidade administrativa, investiga a suspeita de um vínculo entre os valores no exterior e dinheiro supostamente desviado de grandes obras públicas realizadas na gestão de Maluf. Marques afirma que pelo menos no caso do túnel Ayrton Senna, uma passagem subterrânea sob o Parque Ibirapuera, na Zona Sul da Capital – onde foram gastos mais de R$ 700 milhões –, o rombo provocado com o superfaturamento é da ordem de R$ 105 milhões.
"É preciso ainda investigar outras grandes obras", disse o promotor. Uma delas é a avenida Águas Espraiadas, também na Zona Sul, que está sob investigação. A apuração será concentrada agora nas informações sobre as movimentações financeiras do Brasil para o exterior e nos telefonemas que o ex-prefeito ou seus familiares possam ter efetuado para os locais por onde passou o dinheiro. A esperança do promotor é descobrir contatos entre a família Maluf e bancos que tenham movimentado o dinheiro. "Vamos analisar os extratos que ainda vão nos encaminhar", disse Mendroni.
Logo depois da entrevista coletiva dos promotores, em São Paulo, e da presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Adrianne Senna, em Brasília, Maluf pediu que sua assessoria de imprensa ditasse aos jornalistas uma nova declaração negando a conta de Jersey, mas evitando tocar na expressão beneficiário. "Quanto à existência desse dinheiro que afirmam mentirosamente que eu tenho em Jersey, eu doaria à Santa Casa de São Paulo, como faço sempre que ganho processos e indenizações daqueles que me caluniam, como estão fazendo agora", disse o ex-prefeito.
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