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Falta de crédito afeta setor automotivo
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
28/10/2008 | 07:05
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A crise financeira internacional tem gerado uma dificuldade de acesso a crédito para o financiamento de veículos no País. Para um segmento que depende em grande parte das vendas a prazo - pelo menos 65% dos carros zero vendidos são financiados -, a questão foi um dos principais pontos de preocupação relatados por executivos das montadoras nesta segunda-feira, durante a abertura, para a imprensa, do Salão Internacional do Automóvel, em São Paulo.

O evento, um dos principais do setor no mundo e que reúne cerca de 40 marcas e 450 modelos, abre oficialmente ao público no dia 30 deste mês e vai até dia 9 de novembro no Pavilhão de Exposições do Anhembi.

O presidente da General Motors do Brasil, Jaime Ardilla, afirmou que está confiante de que a situação pode se normalizar em dois a três meses e que ainda será possível que o mercado nacional cresça 5% no ano que vem. Ele expressa confiança em ações do governo federal para amenizar esse problema, entre as quais a autorização para os bancos estatais adquirirem participação em financeiras.

As vendas da GM em outubro estão em nível próximo ao do mesmo mês de 2007, mas a avaliação do executivo é de que se o crédito não se normalizar podem surgir problemas para a indústria no País, "e as empresas podem ser forçadas a criar desemprego". Mas ele reitera que não há nenhum plano de demissões na fabricante no Brasil, nem houve revisão nos planos de investimentos.

Para Ardilla, mudanças nas condições de financiamento, como o ligeiro encarecimento dos juros, a redução dos prazos para 36 meses e a elevação do percentual exigido para entrada na compra a prazo, que passou de 10% para 20% em média não chegam a atrapalhar. "Ainda está muito bom para os patamares internacionais, só que não há disponibilidade normal (do crédito), é disso que precisamos", disse.

Outro executivo, o diretor vice-presidente da Honda do Brasil, Kazuo Nozawa, destaca que a dificuldade é principalmente na área de usados, o que acaba atrapalhando as vendas de novos.

"Como os usados são dados como entrada, fica mais difícil encorpar a venda do zero km", disse. A empresa mantém em outubro (até o dia 24) mesmo patamar de vendas do igual mês de 2007, mas revisou para baixo o volume previsto neste ano (de 128 mil para 125 mil unidades vendidas).

Nozawa prevê que para este ano o mercado todo deve ficar próximo das 3 milhões de unidades vendidas, o que ainda marcará o melhor resultado da história do setor no País. Já para o ano que vem, ele avalia que será difícil a manutenção das vendas no mesmo patamar deste ano.

 

Empresas e especialistas ainda mantêm tom confiante

Apesar das preocupações com as turbulências, o tom geral entre as fabricantes de veículos e especialistas ainda é de confiança.

Para André Beer, ex-presidente da Anfavea e diretor da Beer Consult, a situação do setor no Brasil é bem melhor que nos EUA, na Europa e em países asiáticos.

O especialista que o momento é de cautela e de ajustes a uma nova realidade, como foi caso da General Motors e da Fiat, que deram férias coletivas neste mês a parte de seus funcionários. "Estávamos num crescente e agora as empresas pararam para adequar seus estoques e atender à nova demanda, para um patamar que pode ter neste mês redução de 10% nas vendas", disse.

De acordo com informações extra-oficiais obtidas no Salão do Automóvel, todo o mercado automotivo nacional registra, de 1º a 24 deste mês, queda de 12% em vendas frente a igual período do ano passado.

DIVERGÊNCIAS
Em relação às exportações, há avaliações divergentes sobre se o momento atual, em que o dólar se fortaleceu em relação ao real, poderá ser aproveitado. "Não se pode confundir, o câmbio está favorável mas as empresas no Exterior pararam as importações", afirmou Beer.

Para o vice-presidente da GM, José Carlos Pinheiro Neto, com a moeda americana na faixa de R$ 2,20 pode se tornar interessante voltar a exportar. "Com o dólar a R$ 1,60, a competitividade estava abalada", disse.

IMPORTAÇÕES
Por sua vez, o câmbio pode prejudicar a entrada de produtos importados. Para a Mercedes-Benz, que expõe no Salão do Automóvel deste ano o Smart um veículo para apenas duas pessoas que passará a ser importado a partir do primeiro trimestre, há confiança de que esse fator não atrapalhe.

A empresa projeta importar 3.500 a 4.000 carros neste ano, frente a 2.600 no ano passado. "2008 tem sido um ano fantástico e esperamos que continue assim", disse o vice-presidente de vendas, Philipp Schiemer. Ele cita que a queda do euro tem compensado em parte a valorização do dólar frente ao real.

 

Salão do Automóvel 2008 traz protótipos e lançamentos

Com muitos lançamentos e inovações neste ano, o Salão Internacional do Automóvel de São Paulo deverá receber cerca de 600 mil visitantes, segundo os organizadores.

O evento, patrocinado pela Anfavea, traz entre as atrações carros-conceitos, projetados por equipes de engenheiros das montadoras no Brasil.

Um deles é o o GPiX, crossover cupê que poderá servir de base para futores veículos compactos desenvolvidos para os mercados emergentes.

Outros é o Bugster, da Fiat, um protótipo futurista com carroceria de fibras naturais e motor elétrico, que segue a mesma linha off-road do FCC, mostrado no Salão de 2006 e que antecipou a linha Adventure.

Entre os lançamentos, a Mercedes-Benz lança o novo série C, produzido em Juiz de Fora (MG), e que agora será destinado também ao mercado nacional.

Salão Internacional do Automóvel de São Paulo - Data: de 30 de outubro a 9 de novembro. Horários: das 14h às 22h (de 30 deste mês a 8 de novembro); dia 9, das 11h às 19h. Local: Anhembi. Ingressos: Adultos e maiores de 12 anos: R$ 30 / Crianças de 5 a 12 anos: R$ 20/ Menores de 5 anos e maiores de 65: entrada franca.

 




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