A suspeita de direcionamento na licitação para compra de salsichas de peru congeladas em São Bernardo mobilizou as siglas de oposição ao prefeito Luiz Marinho (PT). Vereadores de PPS e PSDB querem instaurar a CPI da Salsicha, e o deputado estadual Alex Manente (PPS) vai encaminhar pedido ao TCE (Tribunal de Contas do Estado) para que suspenda o contrato com a vencedora da licitação, New Quality Indústria e Comércio de Carnes e Produtos Alimentícios.

O Diário revelou no domingo com exclusividade que a empresa era conhecida como vencedora da concorrência um dia antes do pregão presencial, pois o munícipe Geraldo Alves Nogueira Lima registrou em cartório o resultado do edital com 24 horas de antecedência.

Alex disse que pedirá ao TCE não só que desconsidere a licitação, mas que acompanhe as próximas concorrências em que a Prefeitura vai participar. “Isso me deixa preocupado. Essa situação está virando rotina e mostra que a Prefeitura virou um balcão de negócios”, disse o popular-socialista.

O caso também repercutiu imediatamente na Câmara. Julinho Fuzari (PPS) protocolou requerimento questionando o Paço sobre o caso e defende a instauração de CPI. “Não podemos deixar que mais uma denúncia de irregularidade fique impune”, disse o parlamentar.

O vereador Juarez Tudo Azul (PSDB) também disse que tentará emplacar investigação. “Discuti isso com o (também vereador tucano Hiroyuki) Minami. Se não conseguirmos requerimento de informação, tentaremos instaurar uma CPI .”

Pery Cartola (Solidariedade) protocolou ontem pedido de investigação do caso no MP (Ministério Público).

Além da polêmica sobre o resultado da empresa vencedora, o certame envolve preços maiores que os praticados pela prefeitura de São Paulo e o governo do Estado. O governo Marinho pagou R$ 10,04 por quilo da salsicha, enquanto a administração da Capital comprou por R$ 5,80 e o governo paulista, por R$ 5,65.

O deputado estadual Orlando Morando (PSDB) comparou a situação ao caso do ‘Frangogate’, que ocorreu no governo do ex-prefeito Walter Demarchi (PTB), quando houve denúncia de superfaturamento na compra de carne bovina e de frango para merenda escolar. “Não há mais tapete para esconder tanta sujeira”, declarou o tucano.

O prefeito Luiz Marinho negou qualquer irregularidade no processo de licitação para compra do alimento. “Foi pregão presencial, como você pode prever quem vai ganhar?”, alegou o petista. Para ele, a diferença de valores em relação a outras administrações é decorrente do mesmo processo de disputa entre as empresas participantes da concorrência.