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Região coleta 81 toneladas de óleo de cozinha de janeiro a agosto

Santo André e São Bernardo são as cidades que mais recolhem esse tipo de material no País

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
04/10/2020 | 07:00
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DGABC


Destinar corretamente o óleo de cozinha usado é fundamental para evitar a contaminação do meio ambiente. Apenas um litro de óleo despejado no esgoto tem potencial para poluir 25 mil litros de água, além de encarecer o tratamento e ocasionar obstrução das redes. No Grande ABC, de janeiro a agosto deste ano, apenas duas cidades – Santo André e São Bernardo – coletaram 81 toneladas de óleo de cozinha usado. No ano passado, os dois municípios coletaram 89 toneladas. As cidades são as que mais recolhem esse tipo de material no País.

Mauá recolheu 67 litros esse ano, ante 3.207 litros no ano passado. A administração municipal afirmou que a queda no volume se deve à pandemia de Covid-19. São Caetano não informou qual volume foi recolhido e citou que os fabricantes, revendedores e consumidores têm a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Os pontos de entrega estão disponíveis no link encurtador.com.br/ajCFZ. Diadema não conta com programa regular de coleta de óleo (mas, em 2014, foi a primeira cidade do Grande ABC a lançar projeto com este objetivo) e Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra não responderam até o fechamento desta edição.

Em Santo André, as 21 estações de coleta recebem o material e cedem duas barras de sabão ecológico a cada dois litros de óleo. A troca também ocorre junto ao programa Moeda Verde, que substitui materiais recicláveis por frutas e verduras. A reciclagem do óleo é feita por meio de parceria do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental) com o Instituto Triângulo, que faz a recolha deste material em estabelecimentos comerciais, mas sem ligação com a autarquia. Estima-se que com a pandemia houve redução de cerca de 30% no volume de óleo arrecadado.

São Bernardo entrou em março para o Guiness Book, o livro dos recordes, pois foi a cidade que mais coletou óleo em apenas um mês, por meio da Campanha Eco Óleo, que envolveu as redes municipal e estadual de ensino, entidades cadastradas no FSS (Fundo Social de Solidariedade), além de empresas privadas. Foram enviados para reciclagem 50 mil litros de óleo de cozinha. A campanha foi organizada em parceria com o Instituto Triângulo.

De janeiro a agosto de 2020, apenas em São Bernardo foram 67 toneladas coletadas e encaminhadas para transformação em biocombustível e para produção de sabão ecológico. Hoje, são cerca de 565 pontos de coleta do produto na cidade, entre estabelecimentos públicos municipais, estaduais e também particulares voluntários (entidades assistenciais, escolas, empresas, condomínios etc), além do serviço porta-a-porta implementado durante a pandemia.

O Instituto Triângulo de Desenvolvimento Sustentável, parceiro das duas prefeituras, atua desde 2003 na construção de redes de mobilização ecológica em prol da reciclagem de óleos e gorduras residuais. Com sede em Santo André, o instituto coordena uma rede com mais de 3.000 pontos de coleta (escolas, associações, igrejas, supermercados, empresas, restaurantes, bares, lanchonetes e condomínios), que juntos contribuem com a reciclagem de 120 toneladas de óleo mensalmente.

O instituto está presente em 117 cidades e seis Estados. Por ano, são recolhidas, em média, 1,4 milhão de litros de óleo. O diretor presidente do instituto, Caio Matos David, explicou que 15% do material é usado para fazer sabão ecológico e o restante é destinado à produção de biodiesel.

Empresa de Diadema destina resíduos de salão de beleza
Itens como tintura, cremes faciais e esmaltes, entre outros, têm grande potencial para poluir o meio ambiente. Como qualquer mistura de componentes, pode haver contaminação do solo e água, explica a professora do curso superior tecnológico de Cosméticos da Fatec (Faculdade de Tecnologia do Estado) Diadema, Carla Pedriali. Atenta a essa situação, a Dinâmica Ambiental, empresa de Diadema que há oito anos é a maior do País na engenharia reversa de embalagens aerosol, lançou há três anos o programa Beleza Verde. A iniciativa capacita os profissionais de salão de beleza para a destinação correta de embalagens e restos de insumos, além de encaminhar tudo para a reciclagem.

São 51 salões em São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, que contam com o serviço. A primeira fase do programa é a sensibilização dos colaboradores, para a separação adequada. São instalados coletores que periodicamente são esvaziados. Papelão, plástico e metal, o chamado material limpo, é doado para cooperativas de reciclagem de São Bernardo e Diadema. O materiais contaminados, como vidros de esmalte, passam pela separação do produto e da embalagem. O resto de esmalte é destinado para fabricação de solvente e zarcão. O plástico e o vidro são vendidos. “É um trabalho de responsabilidade social, pois gera renda aos catadores, e de preservação do meio ambiente”, explicou o diretor de projeto da empresa, Marcio Mattana.

A empresária Suzana Ribeiro, 60 anos, é dona de um salão de beleza e bem estar em Santo André e desde junho do ano passado aderiu à iniciativa após conhecer o projeto por uma amiga, também dona de salão. “A gente consegue destinar todo o resíduo que é gerado, luvas, máscara, algodão e foi por isso que me interessei tanto, porque sempre achei grande o volume (de resíduo) que a gente gerava”, afirmou. Suzana está se preparando para a segunda fase do projeto, que é transformar o salão em um ecoponto, para que clientes também possam levar suas embalagens e restos de produtos para o descarte adequado.

Em três anos, o programa Beleza Verde já recolheu 70 toneladas de material, incluindo 15 mil embalagens de esmaltes e 45 mil tubos de coloração. Foram doadas 22 toneladas de materiais para cooperativas.

A Abihpec (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos) mantém desde 2006 o programa Damf (Dê a Mão para o Futuro – Reciclagem, Trabalho e Renda), que realiza a logística reversa das embalagens, incluindo o trabalho de cooperativas. Associações de outros setores, como produtos de limpeza e biscoitos e massas aderiram em 2009 à iniciativa. De 2013 a 2019 o Damf recuperou e encaminhou para a reciclagem cerca de 533 mil toneladas de embalagens pós-consumo, envolvendo 158 cooperativas e 5.000 cooperados em 21 Estados .

Além de prejudicar meio ambiente, despejo no esgoto causa entupimentos
O descarte de óleo de cozinha usado no esgoto, além de poluir o meio ambiente – caso esse volume chegue a corpos d’água – também causa entupimentos das redes. Isso ocorre porque embora o óleo permaneça em estado líquido enquanto está quente, ele endurece quando esfria, grudando nas tubulações e retendo dejetos, ocasionamento um “infarto” nas redes coletores e o retorno do esgoto para dentro dos imóveis.

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), que opera os sistemas de esgoto em Santo André, São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, mantém material informativo sobre o descarte correto de óleo de cozinha, que pode ser acessado no link encurtador.com.br/eiyE9. A empresa não informou dados de desobstrução das redes.

A BRK Ambiental, que opera o sistema de esgoto em Mauá, informou que realiza o programa Olho Vivo em parceria com as secretarias municipais do Verde e Meio Ambiente, Serviços Urbanos, Educação e com a empresa Lirium Reciclagem Ambiental. Atualmente o município conta com 55 pontos para coleta de óleo usado, instalados nas escolas municipais, na escola conveniada Casa da Criança Auta de Souza de Mauá, nos cinco ecopontos, nos sete Cras (Centros de Referência de Assistência Social) e em dois dos três parques municipais, Guapituba e Gruta Santa Luzia.

De janeiro a agosto de 2020 a BRK retirou das redes de esgoto 77,24 toneladas de resíduos sólidos e 217,84 toneladas de areia que chegaram ao processo de tratamento.

O Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental) responsável pelo tratamento do esgoto em São Caetano não respondeu.




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