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Milícias invadem protestos contra racismo nos EUA
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28/08/2020 | 07:00
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Civis carregando fuzis de assalto e revólveres foram vistos nas ruas de Kenosha durante os incidentes de terça-feira, 25, que deixaram dois mortos e um ferido. Entre os civis armados estava o atirador, Kyle Rittenhouse, de 17 anos. Grupos de milicianos se tornaram presença constante nos EUA, aparecendo em eventos e enfrentando os manifestantes que reivindicam justiça racial.

"Quando você tem todos esses elementos presentes - momento político tenso, muita desinformação e grupos fortemente armados -, é apenas uma questão de tempo até que algo realmente perigoso aconteça", disse Lindsay Schubiner, diretora do Western States Center, que monitora milícias e outros grupos extremistas.

Na quarta-feira, 26, o grupo que se denomina a Guarda de Kenosha, que convocou pelas redes sociais as pessoas a trazerem armas para o protesto de terça-feira, negou que tivesse qualquer ligação com Rittenhouse. Kevin Mathewson, um dos líderes do grupo, disse que nunca se encontrou nem se comunicou com ele.

Mathewson, de 36 anos, é ex-vereador de Kenosha e agora é detetive particular e trabalha como segurança. Na noite de terça-feira, ele levava uma pistola e um fuzil AR-15. Ele disse que seu objetivo era "alertar a população de que há outros cidadãos dispostos a proteger nossas vidas e propriedades, já que a polícia estava em menor número".

"Até concordo com o que os manifestantes estão dizendo, mas não gosto de ver meu bairro totalmente queimado", disse, acrescentando que a polícia local teve uma reação "positiva" à mobilização dos cidadãos. "Eles estavam distribuindo água para nós e nos cumprimentando calorosamente."

As armas ficaram bem visíveis durante o protesto na noite de terça-feira. Alguns homens brancos que se moviam em formações de estilo militar carregavam fuzis de assalto e vestiam equipamentos táticos.

Algumas pessoas que protestavam contra os tiros disparados contra Jacob Blake, negro de 29 anos que foi baleado à queima-roupa pela polícia no domingo, em Kenosha, também levavam armas. Blake está internado com a parte de baixo do corpo paralisada.

Rittenhouse, que foi preso e acusado de homicídio qualificado, era membro de um programa de cadetes do Corpo de Bombeiros de Antioch, no Estado vizinho de Illinois. Ele postou fotos com fuzis de assalto em sua página do Facebook, assim como mensagens de apoio à polícia.

"Esses autodeclarados vigilantes, geralmente, se organizam online em torno da crença vaga e compartilhada de que são necessários para ajudar a polícia", disse Oren Segal, vice-presidente do Centro de Extremismo da Liga Antidifamação. "Mas não existe necessariamente uma ideologia coerente que os vincule."

Enquanto algumas milícias têm décadas de história, outras vêm se formando recentemente em resposta às restrições do governo durante a pandemia do coronavírus e aos protestos contra a violência policial.

Suas aparições seguiram um padrão que soa familiar. Muitas vezes, espalhava-se um chamado às armas nas redes sociais, às vezes em resposta a rumores ou a boatos de internet, segundo os quais manifestantes antifascistas planejavam saquear ou causar danos em suas comunidades. Então, homens brancos, predominantemente, reuniam-se em dezenas de protestos do Black Lives Matter, à margem das manifestações, vestidos com roupas no estilo militar e com revólveres e fuzis de assalto.

Os membros desses grupos dizem que sua presença tem como objetivo manter a ordem e ajudar a polícia local. Os manifestantes os veem como uma presença perigosa e intimidadora que traz uma mensagem racista. Alguns desses civis armados usam insígnias dos supremacistas brancos e, em alguns casos, defendem abertamente posicionamentos neonazistas contra negros e imigrantes.

Policial

O procurador-geral de Wisconsin, Josh Kaul, identificou o policial branco que atirou em Blake como Rusten Sheskey, um veterano que trabalha há sete anos na força policial da cidade. Kaul também disse que Blake admitiu que tinha uma faca escondida no carro, quando foi atingido pelos policiais. A faca foi encontrada no meio dos bancos dianteiros do carro pelos policiais. O advogado de Blake, porém, afirmou que testemunhas confirmam que ele não tinha uma faca e não ameaçou os policiais de nenhuma forma.

O Departamento de Justiça dos EUA anunciou ontem que abrirá uma investigação sobre violação de direitos civis pelo policial. Em maio, o departamento abriu um inquérito para investigar Derek Chauvin, policial de Minneapolis que foi filmado ajoelhado no pescoço de George Floyd durante uma abordagem. Floyd morreu asfixiado. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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