Política Titulo Em Mauá
PRB fecha apoio a
Vanessa e PT admite
debandada de aliados

Após racha no PT, também governistas, PDT e PP estão
próximos de fazer acerto com a deputada de oposição

Por Mark Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
08/06/2012 | 07:00
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Apesar do esforço do PT para selar a unidade em Mauá, o racha no partido deflagrado com o movimento que impediu a tentativa de reeleição do prefeito Oswaldo Dias já confere prejuízos irreversíveis à sigla para a eleição. Único parceiro petista no primeiro turno de 2008, o PRB anunciou ontem que apoiará a candidatura de oposição da deputada estadual Vanessa Damo (PMDB) contra o candidato do PT, o também deputado Donisete Braga.

Dos oito partidos que apoiam o governo e que o petismo pretendia contar no arco de alianças para o projeto de reeleição de Oswaldo, apenas PSB e PPL se mantêm firmes com Donisete. PDT (do médico Alberto Pierro, favorito para ser o vice de Vanessa) e PP deverão ser os próximos a trilhar o caminho do PRB, que carrega consigo o disputado apoio da Igreja Universal.

"A política é feita de compromissos. Em Mauá, o nosso era com o Oswaldo, não com o PT. Honramos até o último instante. Ele não sendo candidato, ficamos livres", afirma o presidente estadual do PRB, Vinicius Carvalho. "Identificamos que Mauá precisa de inovação, e o melhor nome para isso é o da Vanessa. O projeto dela coaduna com o nosso ideal, de resgate da cidadania", conclui.

O PRB detinha a Secretaria de Habitação, com Sérgio Affonso dos Santos, que em 2011 rumou para o PPL, deixando o PRB à deriva. O único vereador do partido, Pastor Altino Moreira, embora governista, não será candidato à reeleição. "O PRB foi o primeiro a apoiar o PT e o primeiro a abandonar o barco porque foi mal-tratado e não tem como defender um governo desastroso", avalia o presidente municipal do PMDB, José Carlos Orosco Júnior, marido de Vanessa.

O primeiro aliado de Oswaldo a deixar o projeto de reeleição do PT encabeçado por Donisete foi o PR. Tão logo a manobra contra o prefeito foi deflagrada, Diniz Lopes lançou sua pré-candidatura ao Paço. Outro governista, o PSDC, deve apoiar o PSDB, de Edimar da Reciclagem, ou o próprio PR.

"Estamos conversando com o PCdoB. Queremos construir parcerias verdadeiras, não a qualquer custo", expõe o vice-prefeito Paulo Eugenio Pereira Júnior, coordenador da campanha petista, em tentativa de mostrar que a debandada é fruto de seleção criteriosa do PT, e não da desconfiança dos aliados após o racha.

 

Paulo Eugenio declara guerra à ‘oligarquia'

Nomeado nesta semana coordenador da pré-candidatura do deputado estadual Donisete Braga (PT) à Prefeitura de Mauá, o vice-prefeito e secretário de Saúde, Paulo Eugenio Pereira Júnior (PT), já traçou parte da estratégia eleitoral para manter o PT no governo: atacar a principal adversária, Vanessa Damo (PMDB), a quem julga ser representante do grupo liderado pelos ex-prefeitos Leonel Damo (pai da peemedebista) e José Carlos Grecco.

"A Vanessa herda as más gestões do pai (1983 a 1988 e 2005 a 2008)", avalia o petista. Damo deixou o Paço em baixa com eleitorado, tanto que abdicou de disputar a reeleição. Ao aguardar a polarização do pleito deste ano, Paulo Eugenio anuncia o confronto. "De um lado está o PT, um partido, uma discussão política. Do outro uma oligarquia, uma discussão, além de política, de poder econômico. E como se fosse hereditária, passando de pai para filha."

Apesar das críticas, Vanessa reagiu de forma diplomática às declarações. Sequer aproveitou para atacar o governo petista, como tem feito há três anos e meio. Sobre a tentativa do PT em colar sua imagem à do pai, a parlamentar afirmou que "nunca precisei me apoiar em ninguém para me sobressair", e lançou o desafio de que o debate eleitoral seja baseado em propostas. "A população já não suporta brigas políticas. Elas só atrapalham o processo."

A peemedebista também exaltou sua atuação na Assembleia, onde exerce o segundo mandato, como trunfo para vencer o pleito em outubro. "Meu trabalho fala por mim. Podemos então comparar os mandatos legislativos (com Donisete, no quarto mandato de deputado). Os meus deram frutos, como o AME (Ambulatório Médico de Especialidades) e a Fatec (Faculdade de Tecnologia). Não há atuação minha no Executivo."

Paulo Eugenio, no entanto, insiste em sugerir a participação da adversária na última administração de Damo. "O marido dela (José Carlos Orosco Júnior) esteve lá, comandou a Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá). Isso tem de ser colocado. Aí comparamos."

O coordenador da campanha do PT tem o discurso na ponta da língua. "A cidade se transformou com os nossos governos. O Donisete terá um monte de história para contar. Para a Vanessa, isso não será possível. Ela não tem o que falar de positivo de nenhuma das gestões do pai dela", avalia, ao listar que das 28 escolas municipais de Mauá, 20 foram construídas pelo PT, além de quatro UPAS (Unidades de Pronto-Atendimento).

 

Edimar convida Lourencini para vice

Pré-candidato a prefeito de Mauá pelo PSDB, o vereador Edimar da Reciclagem dá cartada por chapa puro-sangue. Para tanto, formalizou convite para que José Roberto Lourencini seja seu vice. O empresário, porém, não se empolga com a proposta, e mantém a defesa de aliança do tucanato com o PMDB, de Vanessa Damo.

Em abril, a deputada externou sua preferência para que Lourencini fosse o seu vice. A ideia agradou o supermercadista, mas não ganhou respaldo no PSDB, que insiste em candidatura própria, ainda mais depois do racha no PT. A avaliação é a de que, com o enfraquecimento do partido que comanda a cidade, aumenta a chance de sucesso de vôo solo.

Lourencini, no entanto, mostra descrença com a possibilidade. "Acho melhor o PSDB indicar o vice da Vanessa. O Edimar seria bom prefeito, mas não é preciso ser pintor para saber se o quadro é feio ou bonito", filosofa. "Candidatura própria seria luta de Davi contra Golias."

Para minar a unidade do PSDB, o presidente do PMDB, José Carlos Orosco Júnior, promete convidar Lourencini para coordenar o plano de governo de Vanessa. "O Lourencini não vai aceitar ser apêndice da candidatura do PT", aposta, para explicar. "A candidatura do PSDB tem a estrela no tucano."




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