Cultura & Lazer Titulo Ficção
Quando o segundo escalão rouba a cena
Por Da TV Press
11/06/2008 | 07:05
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Novela é uma obra aberta. E, exatamente por isso, é difícil prever quais personagens vão perder ou ganhar espaço ao longo dos capítulos. Que o diga Ísis Valverde, que afirma ainda não ter noção do sucesso que sua atrapalhada Rakelli faz em Beleza Pura, da Globo. O destaque da esteticista é tanto que chega a roubar atenção da insossa história dos protagonistas Guilherme e Joana, de Edson Celulari e Regiane Alves.

Para Ísis, seu principal trunfo é a própria composição que deu à personagem. "Criei a Rakelli transgressora, mas com um mundinho próprio. Atrás das asneiras que ela fala tem uma inocência juvenil. Acho esse um ponto de vista mais rico do que achar que ela deveria ser uma burra", diz.

É comum alguns artistas atribuírem o sucesso de seus personagens a características como infantilidade e inocência. Camila Pitanga, por exemplo, nunca quis defender o caráter da aprendiz de vilã Bebel de Paraíso Tropical, da Globo, mas encontrou pontos que favoreciam a prostituta diante do público. "Mesmo com ar infantil, Bebel lutava para sobreviver e, como toda brasileira, dava a volta por cima. Isso desperta torcida e compaixão, mesmo com as loucuras que ela fazia", opina.

Se em algumas tramas uma pitada de loucura faz diferença, em outras o surreal é tão destacado que uma situação mais corriqueira, como o romantismo, é o que chama a atenção. Foi o que aconteceu com o casal Romeu e Juju, de Ary Fontoura e Nicete Bruno, em Sete Pecados. O casal chegou a fazer mais sucesso que o triângulo amoroso principal.

Para Ary, o resultado era previsível. "Conheço bem o ser humano e sei o que agrada. Histórias de amor bem defendidas emplacam em qualquer idade e horário", afirma o ator.
Enquanto uns apostam no romantismo, outros se seguram na comédia. Bruno Gagliasso, que atualmente encarna o engenheiro Eduardo em Ciranda de Pedra, é exemplo.

O ator já tem três novelas das oito no currículo, mas foi na faixa das 18h que conseguiu seu maior êxito. Ao interpretar o caipira Ricardo de Sinhá Moça, se deu bem e conseguiu até ver o fim do remake ser modificado em benefício de seu personagem. "Não guardo boas lembranças só pelo destaque que alcancei, mas principalmente porque foi ali que eu descobri que posso fazer comédia", lembra.

O recurso também foi bem aproveitado por Fernanda Souza. A atriz roubou a cena ao encarnar a gordinha desajeitada Carola em O Profeta, mas não foi a primeira vez que viu uma personagem sobressair no horário de época da Globo. Em Alma Gêmea, a caipira Mirna garantiu boa parte dos momentos mais engraçados da trama de Walcyr Carrasco. "O público se interessa por personagens cômicos. Isso já é meio caminho para o sucesso", afirma Fernanda.

Um pouco de riso misturado a uma boa dose de sensualidade. Esse foi o caminho traçado pelo casal Dinho e Neuta, de Eliane Giardini e Murilo Rosa, para ganhar destaque e roubar a cena em América. Na época, a falta de química entre os protagonistas Tião e Sol, de Murilo Benício e Deborah Secco, ajudou. Eliane não sabe o que fez sua personagem crescer e prefere creditar à equipe esse resultado. "Isso envolve o entrosamento entre o elenco e a iniciativa do autor e do diretor de apostar ou não em determinada história", diz.

Já a autora Andréa Maltarolli, por exemplo, aposta na comédia desde quando começou a escrever os primeiros capítulos de Beleza Pura. "A trama conta com alguns atores de comédia. Esse é um ponto forte da obra toda", valoriza.

Para Glória Perez, que escreve a novela que substituirá A Favorita na Globo, todas as histórias têm seu momento de destaque em uma novela. A diferença é que algumas se sustentam até o fim, e outras não. Mas, mesmo assim, a proximidade com a trama central é fundamental para esse desenvolvimento, segundo a autora. "Não dá para desarrumar um tabuleiro todo montado. Complica a história principal. O que eu costumo fazer é recompensar atores que se destacam com melhores papéis no futuro", explica.




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