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Ter ou não ser

O Brasil não crescerá como era esperado e desejado este ano

Por Rodolfo de Souza
10/03/2014 | 07:00
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O Brasil não crescerá como era esperado e desejado este ano. Ora, dirá o sujeito distraído, o País já tem um bom tamanho e não carece de nem mais um tiquinho em seu vasto território. Não Zé, a notícia diz respeito à economia encolhida, minguada da nação que parece grande.

Triste sina essa pobreza crônica! Dá até para entender o Irã que, cansado de décadas de sanções econômicas, acabou jogando a toalha. Quem diria! Ninguém aguenta viver sem grana, afinal.

Eike foi à bancarrota, fato que pegou mal e incrementou os buchichos no mundo das finanças. Finança, roda que uma vez danificada faz parar o mundo que gira por causa dela. É, sem sombra de dúvida, o motor que impulsiona o crescimento tecnológico, as pesquisas em qualquer campo, faz estudar as pessoas, nascer o sol, cair a chuva, evoluir, trabalhar... Toda a ação em prol do desenvolvimento humano se dá em função dele, do sacrílego poder.

No que diz respeito às realizações pessoais, a vida de cada um está atrelada ao vil metal. Não tem como escapar. Desde o pedinte até o banqueiro, todos têm como meta primeira o lucro. Fica mesmo difícil conceber a felicidade desatrelada do poder econômico. Ah! Mas o monge disse que é possível alcançar a plenitude e a satisfação da alma somente com pão e água. Tudo muito fácil de aceitar desde que toda a sociedade adotasse a pobreza como meta de vida. Abriria mão, neste caso, de todo o conforto, toda a beleza e a praticidade que o dim-dim oferece para viver ao sabor da meditação. Lindo! No cinema.

A Rússia que ameaça engolir a Ucrânia, começando pelo pé, logicamente que não tem qualquer interesse monetário nesta investida perigosa de tomar a força o quintal alheio. O monarca de lá certamente se arrisca a uma contenda com as principais potencias por puro capricho ou, talvez, nostálgico, queira relembrar a boa e velha CCCP. As tais potencias, por sua vez, ameaçam sua majestade somente porque são solidárias à nação em desvantagem. É de cortar o coração!

A Forbs divulga lista com os mais ricos do mundo. Isso sim é que é vida, embora se saiba que deixar o ar entrar pelas ventas e devolvê-lo em seguida, também é considerado viver, mesmo com os pesinhos enfiados na lama. Impossível contestar.

Coloquemos, todavia, na balança: comer muito bem pode deixar gordo, vestir boas roupas, se deslocar pelas ruas das cidades, desfrutando do conforto de carros de luxo, frequentar requintados ambientes, constitui meio de vida que atrai a atenção das moscas varejeiras que farejam a riqueza. Muito perigoso! Aliás, nem é preciso tanto. Sujeito um pouco abastado já corre risco de sequestro e tudo mais. Optemos, então, pela pobreza do monge. Não! A violência, assim, viria por meio do desrespeito e da desconsideração de que tem direito o indivíduo sem um puto no bolso.

Meta na cabeça, amigo leitor: você é avaliado pelo que tem, não pelo que sabe, pela sua educação, honestidade e o diabo. Político corrupto, por exemplo, produto tão nacional quanto a cachaça, não é julgado pela importância que desviou em anos de carreira, e sim pelo patrimônio acumulado com o roubo compulsivo que fez dele homem rico que pode comprar coisas e gente. Mas não tem nada não. Sem ressentimentos. Até traficante é respeitado pelo que tem. Imagine!

* Rodolfo de Souza nasceu e mora em Santo André. É professor e autor do blog cafeecronicas.wordpress.com

E-mail para esta coluna: souza.rodolfo@hotmail.com. 




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