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Polícia investiga
suposto tráfico de
bebês em Sto.André

PM flagrou jovem do Maranhão mantida em cárcere que diz ter trocado filho por laptop em Sto.André

Por Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
07/06/2013 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Um flagrante feito por policiais militares da Força Tática de Santo André na manhã de ontem fez a Polícia Civil abrir investigação para apurar suposto esquema de tráfico de bebês que aconteceria na cidade.

Uma jovem de 19 anos acionou os policiais e foi encontrada mantida em cárcere privado em um cortiço no Jardim Cristiane. Segundo Joelma da Silva Oliveira, que veio de Campestre, no interior do Maranhão, o seu filho de cinco dias, encontrado sozinho em um dos cômodos do local, teria sido trocado por um laptop.

Conforme o seu depoimento inicial aos militares, uma amiga que também estava grávida veio à região há cerca de um mês para também trocar o bebê pelo computador. Como estava grávida, Joelma chamou a atenção da dona de casa Matilde Fustaino, 50, proprietária do imóvel onde mãe e filho foram encontrados. Matilde teria feito a proposta para a jovem, de ir a São Paulo para parir a criança. Depois, o bebê seria vendido a casal de Uberlândia, no interior de Minas Gerais.

O menino nasceu no sábado, no Hospital da Mulher andreense, mas o casal mineiro teria desfeito o negócio, pois queria uma menina. A partir daí, de acordo com Joelma, o tratamento mudou. Matilde a impedia de amamentar e ver o filho e passou a lhe trancar em um cômodo do cortiço cheio de lixo e entulho. Como conseguiu um celular, com a desculpa de que ligaria para familiares, ontem ela acionou o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar).

“A alegação dela para acionar a polícia foi o fato de o filho estar sendo maltratado”, disse o capitão Luiz Roberto de Moraes, comandante da operação. “Até a troca do computador pela criança, ela não demonstrou nenhum arrependimento”, completou.

Três testemunhas foram ouvidas pela polícia. Uma mulher, de 30, moradora da Vila Linda, abrigou a jovem logo que ela chegou a Santo André, há cerca de duas semanas. Segundo a polícia, ela alegou que Matilde a apresentou como parente e chegou a lhe dar dinheiro para cobrir os gastos.

Outras duas mulheres, no entanto, uma moradora do bairro andreense da Vila Floresta, e outra do Jardim Boa Vista, em São Bernardo, ajudariam Matilde no contato entre jovens grávidas e casais interessados em comprar as crianças.

Matilde, que continuará presa, e as duas colegas desmentiram as denúncias, por isso a polícia não sabe dizer quanto seria aproximadamente o valor cobrado pelo bebê. No cortiço da dona de casa foram encontrados eletrodomésticos, laptops e produtos de bebê, como carrinhos e roupas. No depoimento, ela disse que ficou com pena e iria ficar com o menino. Acabou autuada pelo cárcere privado, mas as investigações continuarão.

Acusada tentou fazer inseminação artifical há cerca de três anos

A notícia da prisão de Matilde Fustaino pegou seus vizinhos do Jardim Cristiane de surpresa. Descrita como uma mulher educada e simpática, muitos sequer sabiam que havia um bebê dentro da casa.

“Para nós ela falou que era uma parente”, disse uma das vizinhas, que preferiu não se identificar. “Eu não posso acreditar que seja verdade. Acho que ela quer ficar com a criança.”

Segundo seu relato, a dona de casa, que é sozinha, tentou há três anos fazer inseminação artificial, mas não deu certo. “Ela ficou arrasada. Queria ter uma família, sempre falava do sonho de ser mãe.”

O menino encontrado ontem, que não teve sequer nome dado, foi encaminhado primeiro ao Pronto-Socorro Municipal para a realização de exames e depois ao cuidados do Conselho Tutelar da cidade.

A jovem seria liberada durante a noite, já que a troca do bebê pelo computador não foi confirmada e também seria investigada de acordo com o inquérito policial.

Segundo Joelma disse aos policiais militares, a amiga que veio ao Grande ABC há cerca de um mês permanecia desaparecida. 




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