O livro Cultura Livre chegou ao público em geral graças ao projeto Trama Universitário, iniciativa criada a partir de 2004 na gravadora Trama, que deu origem à Agência de Notícias Trama Universitário, que funciona como meio de integração do conteúdo produzido em veículos universitários. De olho no avanço da internet, na eficácia e lojas on-line, na precisão da Wikipedia (enciclopédia livre da internet), na explosão do mp3 (formato de áudio para difusão de músicas que podem ser baixadas via internet), e diante do software livre, a idéia de conhecimento compartilhado entrou na ordem do dia. Daí a idéia da cultura livre, nome que batiza o livro lançado em setembro de 2005 no II Encontro de Mídia Universitária, que foi distribuído para 150 veículos universitários, bibliotecas de universidades e que está disponível (menos para uso comercial) pelo site www.tramauniversitario.com.br. Juliana Nolasco, coordenadora geral do Trama Universitário, explica nesta entrevista por e-mail, o que é esse projeto.

DIÁRIO - O que é e por que foi criado o Trama Universitário?
JULIANA NOLASCO - O Trama Universitário é um projeto de relacionamento com o segmento universitário, que busca integrar estudantes em torno de música, trabalho e informação. O Trama Universitário foi criado para que pudéssemos desenvolver um canal de comunicação legítimo com esse público, provocando momentos de interação com as marcas envolvidas no projeto.

DIÁRIO - Por que disponibilizam a produção/criação universitária? Por que a opção pelas universidades?
JULIANA - O projeto criou uma licença seguindo os preceitos do Creative Commons, mas que libera a produção de mídias universitárias que optarem pelo uso da licença somente nos veículos universitários e quando não envolver o uso comercial dos conteúdos. Dessa forma, a integração das mídias universitárias será facilitada, bem como a divulgação de seu conteúdo no meio.

DIÁRIO - Qual é a sua opinião sobre as políticas de restrição dos direitos autorais a poucos detentores e quase nada para o domínio público?
JULIANA - Nós temos de aprender a conviver com o direito autoral tradicional, sem esquecer que existem outros caminhos que facilitam o acesso da população à cultura. Temos observado um aumento de conteúdo em domínio público, e o próprio Creative Commons e outros projetos vêm a agregar e facilitar o acesso ao conteúdo.

DIÁRIO - A gravadora Trama não costuma restringir conteúdo a seus consumidores. O livro Cultura Livre é distribuído para bibliotecas universitárias e pode ser baixado direto do site; as bandas Totonho e os Cabra e Cansei de Ser Sexy primeiro disponibilizaram suas músicas para download antes de lançar CDs. A atitude da empresa é para marcar um diferencial sobre a mídia cultural que ainda aposta na relação de consumo tradicional?
JULIANA - A Trama sempre buscou estar na frente para chegar ao seu público. Desde o início investimos em internet, distribuindo músicas gratuitamente, e incentivando os usuários do portal a compartilhar nossas músicas. Acreditamos que o modo tradicional de vender música ainda existe, mas outros modelos estão surgindo, e não podem ser ignorados. Somos uma empresa de música, e buscamos a melhor forma de fazer nosso conteúdo chegar no nosso público.

DIÁRIO - Quais são os próximos projetos do Trama Universitário?
JULIANA - O Trama Universitário, nesse ano, irá para novas praças (Belo Horizonte, Salvador e Brasília), realizando festas gratuitas e exclusivas para os universitários. Iremos realizar também um Festival de Bandas Universitárias, no qual daremos a oportunidade a bandas que tenham pelo menos um universitário na sua formação, de abrir os shows do projeto. Além disso, criamos o concurso Você é o Frila, no qual contrataremos frilas universitários para mandarem conteúdo multimedia para o portal do Trama Universitário. Teremos novas promoções e faremos a terceira edição do concurso Você é o Diretor, na qual daremos a oportunidade para um universitário gravar o clipe de uma das bandas da gravadora Trama (já realizamos com Tom Zé e Nação Zumbi).