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Projeto de fusão Arcelor-Mittal cria o novo gigante mundial do aço
Da AFP
26/06/2006 | 17:36
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Arcelor e Mittal apresentaram nesta segunda-feira em Luxemburgo seu projeto de fusão, depois de meses de feroz resistência da Arcelor, e que permitirá a criação do novo gigante mundial do aço denominado ‘Arcelor-Mittal’.

A oferta melhorada da indiana Mittal Steel, anunciada no dia 27 de janeiro, foi finalmente recomendada por unanimidade pela direção da Arcelor, depois de nove horas de reunião na noite de domingo. A Arcelor está representada no Brasil através da Arcelor Brasil, uma das maiores siderúrgidas da América Latina, com capacidade de produção de 11 milhões de toneladas de aços planos e longos por ano. A empresa é resultado da união da Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, da Companhia Siderúrgica de Tubarão e da Vega do Sul, tornando-se a principal concorrente da Companhia Siderúrgica Nacional, CSN, primeira produtora de aço plano no país. A proposta da Mittal Steel valoriza a Arcelor em 25,4 bilhões de euros, indicou o presidente do Conselho de Administração, Joseph Kinsch, durante a entrevista à imprensa desta segunda-feira.

O novo grupo Arcelor/Mittal definirá um novo presidente para o lugar do atual chefe da Arcelor, Guy Dollé, declarou Kinsch. Em entrevista à imprensa, em Luxemburgo, Kinsch disse também que esta fusão "é um casamento da razão".

"Falei com Guy Dollé. Ele acha que para realizar a fusão da nova empresa, deveremos agora escolher um novo presidente", disse Kinsch. Dollé, 64 anos, lutou durante cinco meses contra a oferta de compra da Mittal Steel.

A decisão representou mudança radical na estratégia da Arcelor, que havia rejeitado até agora de forma frontal a oferta da Mittal, além de significar uma ducha fria para a siderúrgica russa Severstal, com quem o grupo europeu havia anunciado em maio um projeto de aliança.

O grupo do indiano Lakshmi Mittal, uma das maiores fortunas mundiais, obteve o acordo da direção da Arcelor ao aumentar sua oferta, e ao aceitar ser minoritário na sociedade resultante.

A Mittal proporá aos acionistas 40,4 euros por ação Arcelor, contra 37,74 euros segundo a proposta precedente, e algo mais de 28 euros em sua oferta inicial em janeiro. A oferta é mista (69% em títulos, 31% em cash) e o total em efetivo se eleva a 8,5 bilhões de euros.

No novo grupo, os acionistas da Arcelor terão 50,6% e os da Mittal, 49,4%, dos quais 43% para a família Mittal. O Conselho de administração terá 18 membros, 12 procedentes da Arcelor e seis designados por Mittal.

O novo grupo, que chamará ‘Arcelor-Mittal’ e terá sede em Luxemburgo, será de longe o maior produtor de aço do mundo, com 116 milhões de toneladas por ano, três vezes mais do que qualquer um de seus concorrentes. No total, terá faturamento de 60 bilhões de euros e 320 mil assalariados, com possíveis reestruturações.

O anúncio da aliança foi acolhido de forma diversa no mundo. Na Índia, o ministro de Finanças, Palaniappan Chidambaram, se declarou "orgulhoso" de ver como um empresário nascido na Índia ia se tornar no "maior fabricante de metal do mundo".

"Os países que tentaram bloquear este projeto, se dão conta, agora, que a globalização significa investimentos além das fronteiras de ambos os lados", opinou por sua vez o ministro do Comércio, Kamal Nathpursuivi.

O ministro francês do Emprego, Jean-Louis Borloo, se declarou "bem mais contente" com o acordo.

Na Rússia, em troca, a notícia foi mal recebida já que a Arcelor havia anunciado no final de maio um acordo para se aliar com a Severstal, o grupo do oligarca russo Alexei Mordachov.

Nesta segunda-feira, a imprensa russa opinava que a Arcelor manobrou habilmente utilizando uma proposta da Serverstal para obrigar a Mittal Steel a melhorar sua oferta.

"Cortejando ao mesmo tempo Mordachov e Mittal, a direção da Arcelor efetuou uma brilhante operação que fez aumentar o valor final da transação e obrigou o indiano, que se recusava a pagar mais, a aceitar alguns compromissos importantes", segundo o jornal Nezavissimaya Gazeta.

Na França, vários jornais julgaram com severidade a "súbita mudança" da Arcelor, insistindo no fracasso da defesa contra a Mittal realizada pelo presidente da Arcelor, Guy Dollé, e na impotência dos poderes públicos, opostos à OPA da Mittal,

Nesta segunda-feira, a ação da Arcelor - com cotação suspensa desde quarta-feira passada, à espera de decisões sobre o futuro do grupo - fechou em alta de 7,94% a 37,80 euros na Bolsa de Paris.

A ação da Mittal Steel perdeu, em troca, 3,71% a 24,38 euros no fechamento da Bolsa de Amsterdã, depois de ter aberto a sessão em alta.




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