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Vereadores de São Bernardo empregam fantasmas

Servidor de Samuel Alves trabalha em Esportes;
chefe de gabinete de Lia atua em colégio particular

Por Humberto Domiciano e Raphael Rocha
20/08/2017 | 07:00
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Montagem/DGABC


Vereadores de São Bernardo, Lia Duarte (PSDB) e Samuel Alves (PSDB) empregaram funcionários fantasmas em seus gabinetes. Mariana Miquilin Pirchio e Leandro Ruotolo Molina foram admitidos pelos parlamentares tucanos, mas quase nunca davam expediente no Legislativo.

Molina, lotado no escritório de Samuel Alves desde junho, atua diariamente na Secretaria de Esportes e Lazer. O servidor tem, inclusive, um ramal exclusivo na estrutura da Pasta, o que foi confirmado por uma servidora do setor. “Às 13h30 ele volta, há um ramal direto dele.”

Na sexta-feira, Molina assegurou que trabalha todos os dias no gabinete de Samuel. Seu salário é de R$ 6.469,03 (bruto) pela função de assessor parlamentar de políticas públicas. No dia 20 de janeiro, Molina foi contratado como oficial de gabinete da Pasta de Esportes e Lazer, comandada por Alex Mognon (PSDB), vereador licenciado. Ele está na lista de funcionários da Casa desde o dia 19 de junho.

Samuel afirmou que Molina faz parte do seu grupo político e que só trabalha no gabinete. “Desconheço qualquer atuação dele fora da função”, comentou o vereador.

Já Mariana Miquilin Pirchio, contratada como chefe de gabinete de Lia Duarte no dia 5 de julho, costuma ficar no Colégio São Carlos, no Rudge Ramos, em São Bernardo, do qual é proprietária ao lado do marido, Leandro Pirchio. Servidores da Casa confirmaram a informação, na condição de anonimato. Leandro, aliás, foi acusado de ser funcionário fantasma na Prefeitura de São Caetano em 2016 – tinha salário de R$ 11.569 no governo de Paulo Pinheiro (PMDB), mas passava boa parte do dia na instituição de ensino particular.

A equipe do Diário conversou com uma funcionária do Colégio São Carlos na quinta-feira. “A Mariana eventualmente aparece por aqui”. No gabinete de Lia Duarte, na quinta-feira, ninguém atendeu as ligações. Na sexta-feira, às 14h, um funcionário do escritório da vereadora pediu para que retornasse depois. Após uma hora, em novo contato telefônico, a equipe de reportagem foi informada que Mariana havia sido exonerada na terça-feira – entretanto, o documento solicitando o desligamento dela do quadro de servidores foi apresentado à Câmara na sexta-feira. Como chefe de gabinete, Mariana recebia R$ 9.805,20 (bruto).

“Troquei algumas vezes de funcionários porque se não atender às expectativas do gabinete e da população, vou mudar quantas vezes forem necessárias. Estou na Câmara para representar a população. Quero desempenho e resultado”, disse Lia. Ela rechaçou que Mariana desempenhasse outras funções no período em que esteve em seu gabinete, por pouco mais de um mês. “Todo o tempo em que ficou comigo estava vindo normalmente para trabalhar”, defendeu a tucana, que negou que conte com indicações políticas em seu grupo de trabalho.

Antes de chegar à Câmara, Mariana ocupou, até o dia 30 de junho, o cargo de assistente de diretoria de departamento de licenciamento e avaliação ambiental, na Pasta de Meio Ambiente, comandada por Mario de Abreu (PSDB), também parlamentar licenciado.

O Diário entrou em contato com Mariana, que não retornou os contatos até o fechamento desta edição.

Tanto Samuel Alves quanto Lia Duarte são suplentes e ocupam duas das três cadeiras deixadas por secretários. Além de Mognon e Abreu, Hiroyuki Minami também tem cargo no Executivo. 




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