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Saldo eleitoral põe fim a ciclo de Gilson, Zé Augusto e Filippi

Pela primeira vez em 34 anos, cidade não terá os políticos, antes aliados, em cargos eletivos

Por Leandro Baldini
Do Diário do Grande ABC
26/12/2016 | 07:00
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Montagem/DGABC


Em 1982 o PT vencia sua primeira eleição majoritária ao conquistar o comando da Prefeitura de Diadema. Em meio aos holofotes em torno do partido no cenário nacional, nascia a formação de um ciclo que passaria a dominar as diretrizes da política municipal pelos próximos 34 anos, composto por Gilson Menezes (PDT), José Augusto da Silva Ramos (PSDB) e José de Filippi Júnior (PT), trio de ferro petista que a partir do ano que vem não será mais efetivo no município.

Com a derrota de Zé Augusto e de Gilson na busca por espaço na Câmara no dia 2 de outubro, será a primeira vez em que a cidade não terá nenhum dos três nomes como titular de mandato eletivo na política local. Prefeito por duas vezes (1983 a 1988 e 1997 a 2000), Gilson esteve pela última vez no protagonismo quando foi eleito vice-prefeito em 2008, enquanto Filippi, chefe do Executivo por três vezes (1993 a 1996, 2001 a 2004 e 2005 a 2008), teve sua eleição em 2010, quando se elegeu deputado federal.

Ao longo de quase quatro décadas, os políticos protagonizaram uma relação de arquirrivalidade, disputando territórios pelo município, em uma batalha recheada de inúmeras trocas de processos na Justiça e ofensas ríspidas. O período de amizade se limitou a cinco anos da gestão de Gilson, sendo marcada por reciprocidade de afagos e confiabilidade. Zé Augusto era o braço direito do governo, comandando o setor da Saúde, e Filippi, quadro de perfil técnico que coordenava Obras. A partir de 1987, Gilson rompeu o laço de amizade, acusando seus dois auxiliares de traição política. Ele queria que Cláudio Rosa, seu assessor de gabinete, concorresse à eleição do ano seguinte como seu sucessor. Filippi e Zé Augusto já tinham conquistado a maioria no PT para conseguir a indicação do candidato, que foi conferida a Zé Augusto. O fato levou à saída de Gilson do petismo.

Companheiros petistas, Filippi e Zé Augusto reforçaram elo nos anos seguintes, que proporcionou êxitos nas eleições de 1988, 1992 e 1994. Em 1996, a relação entre ambos também teve ruptura. Na ocasião, Filippi chefiava o município e Zé Augusto era deputado federal. A briga começou na indicação do representante do PT para a disputa pela Prefeitura daquele ano, justamente contra Gilson, que havia migrado ao PSB. Zé Augusto foi para o páreo contra Gilson, mas saiu derrotado e acusou Filippi de pouca ajuda na campanha. Filippi, no entanto, rebateu no caso. Atacou o antigo aliado de burlar e forçar companheiros na imposição ao voto. Zé Augusto acabou expulso do PT meses depois e acentuou a rivalidade.

As eleições de 2000, 2004 e 2008 mostraram cenário de liderança em Diadema, encabeçado pelos três quadros, desta vez cada um liderando bloco diferente. Gilson voltou a se aproximar de Filippi e Zé Augusto acabou saindo superado nas disputas municipais.

Para o futuro, aquele que mais aspira permanecer na concorrência por cargo eletivo é Zé Augusto, embora hoje com a imagem enfraquecida após derrota ao Legislativo. Depois de votação recorde em 2012 (7.254 votos), ele ficou na primeira suplência em outubro ao receber 2.420 sufrágios. “Quero me dedicar à medicina particular, abrir um consultório, mas na política não vou dizer que vou desistir. Posso ainda disputar”, disse o hoje tucano, 70 anos, em tom de mistério.

Gilson foi outro destaque negativo na eleição de outubro. Também tentou disputar vaga à Câmara, apostando no prestígio do passado, e apoiando a reeleição do prefeito Lauro Michels (PV). Angariou apenas 360 votos, ficando distante da votação dos eleitos. Aos 67 anos, ele sinalizou desistência de novos embates eleitorais. “Não devo mais concorrer. Quero permanecer na política, mas acho que minha contribuição foi dada”, afirmou o ex-prefeito, que antes havia contabilizado derrotas em 2010, na corrida por cadeira da Assembleia Legislativa, e em 2012, no páreo pela reeleição na chapa que era comandada por Mário Reali (PT), com ele de vice.

Único remanescente dos três ex-amigos no PT, Filippi não foi localizado para comentar o assunto. Em Brasília, ganhou notoriedade e chegou a ser cotado para ser ministro do governo Dilma Rousseff (PT), o que acabou não se concretizando. No início do ano, teve o nome envolvido na Operação Lava Jato – foi tesoureiro das campanhas de Lula, em 2006, e de Dilma, em 2010. Filippi não quis liderar o partido na disputa pelo Paço de Diadema em outubro, candidatura essa que foi encabeçada pelo vereador Manoel Eduardo Marinho, o Maninho – ficou em terceiro. Em abril, Filippi sugeriu aposentadoria das urnas. 




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