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Fome de Livro anima setor literário
Do Diário do Grande ABC
Alessandro Soares
08/05/2005 | 11:33
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O governo federal deve lançar em junho o Plano Nacional do Livro e Leitura, chamado também de Fome de Livro. O objetivo é ambicioso: tornar o Brasil um país de leitores até 2022, ano do bicentenário da Independência. As primeiras metas, difíceis: praticamente dobrar em cinco anos o irrisório índice de 1,8 livros por habitante/ano para 3,5 e zerar o número de municípios sem bibliotecas públicas nos próximos três anos. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a biblioteca inexiste em cerca de mil municípios com até 20 mil habitantes (onde vivem 14 milhões de pessoas).

  O setor livreiro, porém, encara com otimismo esta primeira política pública federal para o livro, ainda em fase de discussão. Segundo o economista e editor Oswaldo Siciliano, presidente da CBL (Câmara Brasileira do Livro), “as editoras brasileiras pretendem investir mais de R$ 239 milhões até dezembro na ampliação de instalações, criação de novos selos, lançamento de novos títulos. Pela primeira vez o governo, a sociedade civil e empresários do livro estão juntos. É o único setor da economia brasileira que caminha com objetivos iguais”.

  Os Ministérios da Educação e da Cultura implementarão várias campanhas de estímulo à leitura no rádio e na televisão. Entre as ações para expandir o número de leitores no país a serem aplicadas no segundo semestre está qualificar melhor os professores. “Os professores têm de ler mais do que hoje. Não podem indicar livro para alunos sem ter lido”, diz Siciliano.

  Mas nem tudo são páginas cor-de-rosa para o futuro da leitura no Brasil. A distribuição de livros ainda causa dores-de-cabeça no setor. Há poucas livrarias e as bibliotecas, salvo exceções, têm acervos defasados, ficam fechadas ou nem têm funcionários capacitados. É o caso das escolares. “Prefeituras e Estados pegam uma pessoa qualquer para tomar conta, sem capacitação. Uma biblioteca tem de atrair principalmente o jovem. Ele pode fazer oficinas, ver vídeo, mexer no computador. De repente, pega um livro. As bibliotecas precisam ter um conceito atual, oferecer mais coisas além do livro, para o jovem freqüentar com prazer”, afirma Siciliano.

  A primeira ação do Plano já ocorreu – a desoneração dos impostos PIS e Cofins para o livro, o que refletirá na queda do preço de capa, que sai pela média entre R$ 30 e R$ 40. “O preço ficará razoável. Esperamos em cinco anos que o mercado cresça de 26 milhões para 50 milhões de leitores, que as tiragens subam para 5 mil ou 10 mil, e não mais 3 mil. Com isso o preço deve diminuir, o mercado se amplia e a demanda cresce. Então, alguém poderá abrir uma livraria”, diz Siciliano.

  Nada disso se efetivará sem apoio. O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) ainda deve criar uma linha de financiamento para editoras. Além disso, o setor livreiro se comprometeu a formar um fundo com 1% do faturamento mensal, a ser constituído em 90 dias. A intenção é criar uma agência de fomento exclusiva, que fará campanhas profissionais e promoverá reciclagem de professores. Mesmo com pouca coisa efetivada, Siciliano forma no time dos otimistas e acredita no Plano Nacional do Livro e Leitura. “A sociedade civil está mobilizada e a resposta é satisfatória. O Brasil será um país de leitores e a CBL está atenta para que isso tudo aconteça”.



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