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Convênio inadimplente deixa usuário ‘na mão’
Fabiana Chiachiri e Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
22/11/2005 | 08:04
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Falta de hospitais e clínicas credenciados para atendimento 24 horas. Essa é a situação da Universo Assistência Médica S/C Ltda, de Santo André. A afirmação é da telefonista Mara Retuci, 43 anos, moradora do bairro Camilópolis. Em entrevista ao Diário, ela disse que há cerca de 15 dias o pai aposentado, Celso Luiz Retuci, 65 anos, que é diabético, passou mal na madrugada e só obteve atendimento no Hospital Perimetral horas mais tarde. "Atendimento em um dos poucos locais que ainda prestam serviço, só em horário comercial, mas é preciso ir à sede da Universo e pegar uma guia."

Incomodada com a situação do pai, a telefonista esperou amanhecer e ligou para o convênio. Outro contratempo. "Minha mãe foi com meu pai à sede da Universo. Disseram que era para procurarem um hospital e que depois fariam o reembolso. Ela (mãe) alegou que estavam sem dinheiro e depois de muita conversa deram R$ 40 para meu pai passar por uma consulta no Hospital Perimetral. Que garantias uma pessoa pode ter de que será reembolsada?"

Segundo Mara, hospitais e clínicas que prestavam serviço à Universo Saúde deixaram de atender porque não vinham recebendo da empresa. "Um deles era o Hospital das Nações (interditado esse ano pela Vigilância Sanitária da Prefeitura). O outro era o próprio Perimetral."

Os pais da telefonista são conveniados desde 16 de novembro de 1999 e pagam R$ 228 por mês. "Acho um absurdo pagar essa quantia e não ter um hospital credenciado", afirmou a filha.

A empresa vem sendo procurada pela reportagem desde a última quarta-feira para comentar o caso. A informação dada na sede da Universo é que o administrador Davi Soares seria o único autorizado a se pronunciar. Ele também foi procurado no celular e, apesar do recado deixado em sua caixa postal, não retornou às ligações até o fechamento desta edição.

Conforme explicou o chefe de gabinete do Procon-SP, Paulo Arthur Góes, as operadoras de convênio são obrigadas a arcar com os custos dos conveniados quando há descredenciamentos. "O cliente que não receber o reembolso de uma consulta deve acionar o Procon ou ir diretamente à Justiça."

De acordo com a ANS (Agência Nacional de Saúde), a Universo Assistência Médica possui registro no órgão. No entanto, figura na lista de empresas (com até 10 mil clientes) com o maior número de reclamações. Em setembro, estava em quarto lugar, com 22 queixas. Exceto nos meses de maio e agosto, nos demais a empresa teve algum tipo de reclamação registrada na ANS, órgão ligado ao Ministério da Saúde. Em janeiro, a Universo ficou em primeiro lugar, com 13 reclamações. Até agosto, a Universo tinha 7.251 conveniados.

Conforme explicou a diretora de fiscalização da ANS, Maria Stela Gregori, quando uma operadora descredencia um hospital tem de colocar outro com o mesmo nível de atendimento. Antes, porém, tem de pedir autorização à agência.

Apesar das reclamações, a Universo Assistência Médica ainda não passou por nenhum tipo de intervenção. "Estamos acompanhando a situação. Se entendermos que o serviço não está mais adequado, podemos aplicar multas ou decretar o regime especial (ocasião em que a ANS nomeia um diretor técnico para monitorar o desempenho das empresas ligadas ao setor)", disse Maria Stela.

O que observar ao contratar plano de saúde:

- Em primeiro lugar, certificar-se de que a empresa tem registro na ANS (Agência Nacional de Saúde) e autorização para operar.

- Verificar no site da ANS (www.ans.gov.br) ou no Procon (telefone 151) se a empresa figura entre as que têm reclamações registradas, quais as queixas recorrentes e como a empresa resolve esses problemas.

Se houver dúvidas, vá ao Procon para esclarecê-las antes de assinar o contrato.

- Fazer pesquisa de mercado e não se deixar seduzir por "preços promocionais".

- Procurar a Justiça caso a operadora do plano deixe de oferecer cobertura ao serviço contratado.




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