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Vila do Doce faz o Centro mais atraente
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
26/12/2011 | 07:01
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Nario Barbosa/DGABC


O Centro de Ribeirão Pires, município com 100% do território em área de manancial, foge das características de bairro urbano. O clima de interior predomina pelas ruas e alamedas centrais, principalmente com a instalação da Vila do Doce, inaugurada em 19 de janeiro de 2008. Ali, 15 quiosques, além de espaços de alimentação e artesanato, contribuem para o lazer e incentiva o desenvolvimento econômico da cidade.

E é na Vila do Doce o ponto de encontro dos moradores, desde os mais jovens até os mais vividos e experientes. Como Manoel Matias Brites, 87 anos, residente há 81 anos no Núcleo Colonial, aposentado da empresa belga Solvay e que se reúne "tarde sim e a outra também" para jogar tranca com os amigos.

Na tarde em que a equipe do Diário esteve no local fazia muito sol. Mesmo assim, as seis mesas e bancos de cimento para prática do carteado ou do dominó estavam completamente cheias. Detalhe: com direito a torcida ao redor. Mas o forte calor não impediu que Brites deixasse de ir para o Centro. "É melhor sol do que chuva", disse o aposentado, devidamente protegido com boina e óculos de grau.

Porém, os companheiros de jogatina de Brites não pensam o mesmo. "Além de mais bancos e mesas, a gente já pediu para que a Prefeitura faça uma área coberta aqui", reivindicou o encanador Cláudio Oliveira Santos, 62, que aproveitava a tarde para se distrair com os amigos.

A vila está localizada na Rua Boa Vista. A maioria dos entrevistados gosta. Porém, nem tudo ali são elogios. Ex-anistiado político, Iris Moreira de Santana, 73, morador na Vila do Conde, na vizinha Rio Grande da Serra, reclamou da cobrança de R$ 1 pelo uso do banheiro público. "A maioria que se diverte aqui é aposentado. Não era para ser cobrado", argumentou.

O que não foi compartilhado por Manoel José Ferreira dos Santos, 65, residente no Jardim Guanabara e frequentador diário do Centro. "Vale a pena cobrar. O banheiro é 100%, decente, para uso". A afirmação de Santos irritou o ex-sargento reformado. "Se é banheiro público não tem de ser cobrado. O brasileiro precisa aprender a reivindicar os seus direitos", defendeu.

Para o comerciante Cícero Gonçalo da Silva, 52, dono de chaveiro e banca de jornal, o que falta na região central é vagas para o estacionamento dos carros. "O Centro ficou pequeno para o número da população", afirmou Silva, há 32 anos em Ribeirão Pires.

Enquanto isso, a ala jovem se diverte e paquera. Como a estudante Wendy Flavia Brito de Souza, 15, que costuma frequentar a vila nos fins de semana.

O Diário procurou pela diretoria da Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Ribeirão Pires, responsável pela administração da Vila do Doce e da Zona Azul no Centro, mas não obteve retorno por telefone nem respostas por e-mail.

Com relação à infra-estrutura básica, o Centro não tem problemas com falta de esgoto, água e luz. Também é favorecido com unidades de Saúde e escolas públicas. Na Avenida Brasil, o morador pode malhar em duas academias ao ar livre.

Além do prédio do Paço, há o terminal rodoviário e o telecentro comunitário.

A Prefeitura de Ribeirão não informou os projetos futuros para o bairro.

 

 

Pastelaria mantém cantora anônima da cidade e fã do sertanejo

A Pizzaria e Pastelaria Monte Castelo, na esquina das ruas Euclides da Cunha e Dr. Felicio Laurinto, é um dos pontos de encontro no Centro de Ribeirão Pires. Há 35 anos são dezenas e dezenas de salgados fritos diariamente.

O pastel e a esfilha são os carros-chefes, segundo o japonês Kazunori Yamashiro, 55 anos, nascido na província de Okinawa, um dos três sócios e residente na região central de Ribeirão Pires. Todos irmãos. Por dia, o comércio recebe, em média, 1.500 pessoas.

O comerciante também defende a criação de mais vagas de Zona Azul no Centro. "A cidade é pequena, mesmo assim faltam vagas para atrair mais clientes de fora", alertou.

Mas não são só as esfihas e os pastéis que atraem famílias para o comércio gastronômico. Lá, entre os 55 funcionários da casa, está a falante Maldene Cordeiro, cantora há 20 anos e residente há 35 no Jardim Santa Rosa, no município. "Aqui faço de tudo, mas o que gosto mesmo é de cantar", revelou.

E sem cerimônia, deu uma palhinha para a equipe do Diário, ao cantar, afinadamente, Pássaro de Fogo, de Paula Fernandes. Porém, nunca cantou na casa, o que, a partir de hoje, está prometido pelo chefe.

 

 

Traçado urbano do município  registra a data de 1890

 

Ademir Medici

 

A história da formação urbana central de Ribeirão Pires tem um ano referencial: 1890. Em 21 de agosto, o agrimensor Antonio Raphael de Almeida assina aquela que pode ser considerada a primeira planta urbana da cidade. Em escala 1 por 2.500, a planta apresenta os quarteirões bem delineados da parte alta da cidade, a partir da estrada de ferro.

São 19 quarteirões e 11 lotes com a denominação de chácaras. As ruas receberam nomes alusivos a líderes republicanos. O Largo da Matriz de hoje tinha a denominação de Praça 15 de Novembro. Também a Avenida Santo André dos nossos dias aparece na planta com o nome de Rua 15 de Novembro. Esta rua, antes de ser Santo André, receberia a denominação de Albuquerque Lins.

A planta mostra uma antiga estrada de rodagem, batizada posteriormente com o atual nome de Alferes Bottacin.

Há várias informações de que a planta urbana pioneira do Núcleo Colonial teve suas diretrizes traçadas pelo engenheiro alemão Carlos Rohm, residente na cidade. O que é certo é que o profissional dirigiu os trabalhos de abertura das ruas, que ficariam prontas por volta de 1895.

Em 1890, o Núcleo Colonial de Ribeirão Pires ganha levantamento pormenorizado das famílias com lotes urbanos, rurais e chácaras no lugar. Os moradores eram católicos, quase todos lavradores, pouquíssimos com instrução e com profissão definida. E residiam em três setores distintos: nos lotes urbanos, na linha Ribeirão Pires - que podemos chamar de central - e na Linha do Pilar.

A cidade tem iluminação pública, à base de querosene. Esse tipo de iluminação pública perduraria até 1928, quando chega a luz elétrica.

 




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