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Estou doente e não sabia. Tenha dó!
Antonio Carlos Lopes
04/10/2021 | 00:01
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>Há alguns dias veio a público a notícia de que desejam considerar a velhice como uma doença. Pasme, mas é isso mesmo. Entre os 50 e 60 anos, em vez de você começar a se considerar idoso, estará acometido gravemente pelo passar dos anos. Era só o que faltava. Tenham dó. A ideia é da Assembleia Mundial de Saúde, órgão de governança que estrutura e apresenta as ações a serem cumpridas pela OMS (Organização Mundial da Saúde). Prevê instituir oficialmente a velhice como doença, na CID (Classificação Internacional de Doenças), em sua próxima edição – a CID 11, a partir de 1º de janeiro de 2022.

A despeito do histórico e valoroso trabalho em prol da vida humana empreendido pela OMS, trata-se de uma invenção sem pé ou cabeça, como diriam os mais velhos. Ou seriam os mais doentes?

A Sociedade Brasileira de Clínica Médica, da qual sou presidente, contesta a proposição, assim como já o fez a AMB (Associação Médica Brasileira ), entre outras instituições lisas e sérias de todos os continentes.

Se tal absurdo vingar, inúmeros registros de doenças específicas e relacionadas à idade mais avançada simplesmente serão catalogados como velhice na CID.

Assim, ao registrá-las de forma nada criterioso, teremos prejuízos gravíssimos a sistemas de saúde de todo o planeta. Eles perderão todos os parâmetros reais para a elaboração de políticas de saúde baseadas em ocorrências por idade.

No Brasil, três em cada quatro mortes ocorrem a partir dos 60 anos. São desfechos de doenças cardiovasculares, oncológicas e neurológicas, entre outras. Seguindo o entendimento da Assembleia Mundial de Saúde, todos os óbitos futuros dessa faixa etária, a partir de 2022, terão a causa catalogada como velhice. Segundo o ILC (Centro Internacional da Longevidade), o Brasil seria um retrocesso e viria a acentuar globalmente preconceitos em relação à longevidade. É verdade em 100%.

Convido a todos a se contraporem e essa proposta. A sociedade que almejamos deve respeitar e valorizar os idosos. Aqui, cabe bem o slogan que as mulheres honram no dia a dia: nenhum direito a menos. Os mais experientes, agradecemos. 




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