Setecidades Titulo Educação
Sto.André só entrega quatro de 16 creches
Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
27/10/2016 | 07:00
Compartilhar notícia
André Henriques/DGABC


A Prefeitura de Santo André não cumprirá a meta de zerar o deficit em creche – crianças com idade entre zero e 3 anos – até o fim do ano. Isso porque, das 16 unidades destinadas à Educação Infantil anunciadas em junho de 2013 pelo prefeito Carlos Grana (PT), com expectativa de criação de 3.190 vagas, até dezembro, apenas quatro foram entregues. Outras cinco estão em fase de construção e têm previsão de conclusão para 2017, cinco sequer foram licitadas para início das obras e uma delas, embora pronta desde junho, não foi inaugurada por falta de mobiliário.

Do total de vagas em creche prometidas, apenas 1.000 foram abertas, número insuficiente para atender as cerca de 3.800 crianças que ainda aguardam em fila de espera por oportunidade de aprender.

Moradora do Jardim Santo André, a faxineira Andrea Ferreira, 37 anos, está entre as pessoas que aguardam vaga na Educação Infantil para crianças da família. “Todos os dias, às 6h, minha filha deixa meu neto (Pedro, de 1 ano) comigo para poder trabalhar. É complicado, pois ele fica com minha outra filha, mas ela também precisa começar a trabalhar. Já tentamos vagas, mas não conseguimos”, desabafa.

A mesma situação é enfrentada por Jorge Augusta da Silva, 43. Para cuidar do neto, Samuel, 1, ele enfrenta dificuldades para conseguir trabalho. “Quando perdi o emprego, minha filha acabou deixando ele para eu cuidar para que ela pudesse trabalhar. Até fizemos a inscrição na creche próxima de casa (Cora Coralina), mas falaram que só tem vaga no ano que vem.”

O principal impasse do Paço está no certame que irá selecionar as empreiteiras para executar a construção de cinco creches (Guaratinguetá I, Mirante I, Tamarutaca, Jorge Bereta e Cata Preta). Conforme já noticiado pelo Diário, a Prefeitura teve de reprogramar os processos por conta de questionamentos, feitos por empresas concorrentes, ao edital publicado.

No entanto, as cinco unidades que já tiveram início, todas com recursos do governo federal por meio do Proinfância (Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil), estão com índices baixos de execução, conforme destacou o FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação) e foi constatado pela equipe do Diário. A creche Jardim Mirante 2, por exemplo, está em fase de fundação, com apenas 20,5% da obra pronta.

Outro problema enfrentado pela administração é a falta de verba para equipar e manter as unidades. Entregue em meados de junho pela empresa Brookfield, como contrapartida ao município pela construção de empreendimentos comerciais e residenciais, a creche do bairro Homero Thon está pronta, porém vazia. A promessa era de o espaço abrisse as portas em agosto, após recesso do meio de ano, o que não aconteceu.

Questionada sobre o tema, a Prefeitura de Santo André, destacou, por meio de nota, a construção das quatro creches já entregues até o momento à população – Jardim Milena, Parque Andreense, Sítio dos Viana e Jardim Carla, originando, juntas, 1.000 vagas.

Sobre as unidades pendentes, o Paço informou apenas que “cinco delas – Jardim Santo André, Jardim Rina, Guaratinguetá II, Cazuza e Jardim Mirante II – têm previsão de serem concluídas em 2017, totalizando a oferta de 2.160 vagas.”

Na análise do professor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) e coordenador do Observatório da Educação, Paulo Sérgio Garcia, a dificuldade enfrentada por Santo André pode ser atribuída a diversos fatores. “Embora tenham suporte por parte do governo federal, diversos municípios do País têm baixa capacidade administrativa e ausência de quadro qualificado para gerir obras do setor. Não basta construir a escola, isso é o custo menor. No fundo, é preciso ter competência para administrar toda a gestão da instituição de ensino, o que falta para muitas cidades”, aponta.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;