Após o conjunto de alimentos básicos no Grande ABC ter registrado no primeiro semestre do ano alta 11,36% (R$ 33,80) em relação ao mesmo período de 2007, os consumidores da região começaram a mudar os velhos hábitos e começaram a alterar o cardápio.

Em vez de colocar no carrinho do supermercado o acém (corte bovino de segunda), que no período de comparação subiu 33,51%, as pessoas optam pelo frango resfriado, ovos ou pelos peixes, como sardinha, corvina e até salmão.

"Percebemos que está acontecendo uma migração de cortes, ou seja, o cliente do filé mignon e da picanha passou a comprar os cortes dianteiros, e aqueles consumiam as peças bovinas de segunda levam agora pedaço de frango ou suínos", explica o gerente de compras de perecíveis do Grupo Pão de Açúcar, Nelson Raymundi Filho.

Ele conta que os clientes das unidades da rede que compravam filé mignon passaram a levar salmão, que atualmente custa menos que a alcatra e o filé mignon, cortes que tiveram reajustes de preço.

"Teve uma época que o salmão era vendido a R$ 18, hoje é possível encontrar por R$ 11 e R$ 12. Por outro lado, os cortes traseiros, como picanha e alcatra, custavam entre R$ 12 e R$ 13 o quilo, mas atualmente estão mais caro que o salmão, por volta de R$ 15", aponta o gerente de compras de perecíveis do grupo.

Na opinião do coordenador do Provar (Programa de Administração de Varejo), da FIA (Fundação Instituto de Administração), Claudio Felisoni de Angelo, quando a inflação começa a apertar, o primeiro passo é substituir um alimento por outro e trocar as marcas líderes de produtos de limpeza por mercadorias mais baratas.

"E esse processo acontece até começarem a alterar os artigos de higiene pessoal cujas marcas os consumidores são mais fiéis", explica.
O consultor em finanças Marcos Crivelaro frisa que os consumidores estão variando os pratos, O paladar se ‘enquadra' no regime de economia. O extrato de tomate, por exemplo, quando está caro, é substituído pelo molho branco.