Mamães, vovós, titias e adolescentes contribuíram para o alto índice de audiência do último capítulo da novela das seis Alma Gêmea, da Globo, sexta-feira passada. Fica para a estreante no horário, Sinhá Moça, a misão de manter os índices que a trama atingiu. Os dados medidos pelo Ibope durante a exibição do final da novela registraram picos de 56 pontos, média de 52 e share (parcela de televisores ligados no horário) de 70%. Mesmo sem consolidação final, são números dignos de horário nobre. O autor Walcyr Carrasco, que emplacou Chocolate com Pimenta, consolida seu nome na emissora e crava um ponto final que  novelas não ousam: mocinho e mocinha morrem.

O suspense do capítulo foi sobre como terminaria o seqüestro de Serena (Priscila Fantin) por Cristina (Flávia Alessandra). Uma mera vingança onde bem e mal estavam em vigor: a heroína perdoando e oferecendo a outra face, e a vilã batendo, ameaçando e rindo maleficamente. Dramalhão digno do melhor que a televisão latino-americana sabe fazer – que o diga o “cinema de lágrimas” mexicano e suas versões teledramatúrgicas.

Serena e Rafael (Eduardo Moscovis) morreram numa cena de auto-sacrifício. A vilã Cristina (Flávia Alessandra), que estudou tiques das malvadas do cinema e ficou com os traques das televilãs mexicanas, terminou nos braços do diabo, a quem havia vendido sua alma. Serena e Rafael resolveram suas pendências na terra – Rafael deteve com seu corpo a bala que Cristina atirou em Serena, gesto que a alma gêmea de Serena fez no passado para salvá-lo. Diante do cadáver do amado, Serena morre do coração. Com tantos conceitos sobrenaturais em jogo, a morte não seria o fim para os bons.

Suas almas foram para um tipo de limbo – uma caverna com lago subterrâneo, como as de Bonito (MS) ou Chapada Diamantina (BA). Lá, viram seus rostos e corpos de vidas passadas, voltando até os faraós do Egito. Nesta seqüência de imagens com efeitos de metamorfose, duas insinuações de homossexualismo: o casal teria sido dois escravos e duas freiras. Alma Gêmea terminou sugerindo que eles se reencontrariam no futuro. A mensagem do autor: “A alma é o verdadeiro ser do homem”.