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Prefeitura de Mauá fecha avenida que seria palco do Carnaval 2006
Por Artur Rodrigues
Do Diário do Grande ABC
27/01/2006 | 08:13
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Trecho de 250 metros da avenida Portugal, palco do Carnaval de Mauá este ano, vai ser interditado por tempo indeterminado a partir de 7h de hoje por irregularidades técnicas. Será fechado o trecho compreendido entre a avenida Capitão João e a rua 11 de Junho, que passou por revitalização na gestão anterior, do prefeito-interino Diniz Lopes (PL), com custo inicial previsto de R$ 380 mil. Mas a via recém-reformada já apresenta rachaduras no asfalto e deterioração das aberturas reservadas à colocação de luminárias. A Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá) afirma ainda que a obra foi feita sem projeto de engenharia, prospecção de solo e apresenta várias falhas estruturais. Valas de cerca de 20 cm abertas seriam risco a motoristas, sujeitos a acidentes por causa dos desníveis, afirma a Prefeitura. A obra, executada pela autarquia Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá), começou em outubro do ano passado.

O antigo superintendente da Sama Francisco Carneiro, o Chiquinho do Zaíra (PSB), afirma que a interdição é um ataque político. “A obra tem projeto, engenheiro, tudo. Está tudo certo. É apenas uma tentativa de atacar a mim e ao Diniz (Lopes)”. O ex-prefeito, que reassumiu sua vaga na Câmara, não retornou aos pedidos de entrevista.

A administração atual afirma que não há política na questão. Que o assunto é técnico. O prefeito Leonel Damo (PV) teria passado pela avenida Portugal e reparado no desnível de uma vala na intersecção com a rua 11 de Junho. Parou e, conversando com moradores, teria descoberto que vários acidentes teriam ocorrido no local.

O atual superintendente da Sama, José Carlos Orosco Júnior, foi ao local e constatou as irregularidades. “Esta obra fere diversos procedimentos de engenharia de tráfego e principalmente às normas de segurança, expondo motoristas e pedestres a sérios riscos, portanto, julgo ser inadmissível a continuidade do trânsito por esta via, construída sem o menor critério técnico e urbanístico, sem um mínimo de responsabilidade”, afirmou Orosco Júnior, por meio de nota enviada à redação do Diário.

Os acidentes de trânsito são confirmados por moradores do Jardim Pilar, onde fica a rua. Pedaços de vidro jogados no cruzamento da 11 de junho com a Portugal seriam estilhaços de pára-brisas, quebrados em batidas e capotamentos. O comerciante Hélio Vieira de Mello, 57 anos, morador do bairro há 26, afirma que o problema é que, para desviar de uma valeta, motoristas que vêm da 11 de Junho andam na contramão.

A Prefeitura mandou nesta quinta um engenheiro ao local. Foi constatado que, como não foi feita prospecção do solo, a via corre o risco de sofrer afundamento. Isso porque a pista já havia sido construída sobre o leito de um rio canalizado há 20 anos. Em alguns locais, água brota do solo. O que, segundo a administração, resulta na visível deterioração do asfalto. O material usado para recobrir a pista também não seria compatível com o fluxo de tráfego da avenida.

Outra reclamação de quem mora e trabalha na via seria a vala que separa a calçada da pista. A abertura é profunda demais, o que impossibilitaria que carros entrassem nas garagens. Para resolver o problema que vinha incomodando a clientela, Arildo Martins, 33, dono de uma mecânica, instalou uma grade sobre a vala. O artifício permite que os veículos entrem na garagem do estabelecimento sem raspar a parte de baixo. “É o jeito que arrumei. Senão, nenhum carro mais entraria aqui”, comenta o prestador de serviços, que gastou R$ 600 na grade.

O que incomoda motoristas agrada uma turma de skatistas encontrados pela reportagem. Como os obstáculos urbanos são a essência do esporte radical, a vala é motivo de comemoração. Assim como a pista mais lisa. Felipe Augusto, 14 anos, encaixa manobras de todos os tipos na vala. Usa como rampa e também como obstáculo para ultrapassar com um ollie air (salto com o skate). “Ficou bem legal. O problema é que passa muito carro”, comenta o skatista.

 



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