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Três homens são executados em Mauá
Fabio Berlinga
Do Diário do Grande ABC
13/11/2006 | 22:02
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Três homens foram assassinados na madrugada de segunda-feira, no Jardim Santa Rosa, em Mauá. Os corpos de Rodrigo de Almeida, 26 anos, Renato Leme da Silva, 20, e do adolescente Alison Vieira Portilho, 17, foram encontrados em frente a um bar na rua Flórida, embaixo de uma cobertura, junto a uma mesa de sinuca. Os três levaram vários tiros na cabeça. No local, foram encontradas duas porções de crack e um cápsula de pistola calibre .40 – de uso restrito à polícia. O delegado responsável pelo caso, Walter Possari, disse que ainda não há pistas dos assassinos.

Testemunhas contam que na madrugada do domingo os três jovens bebiam em frente ao bar. Dois homens subiam a rua cambaleantes, fingindo-se de bêbados. Renderam as vítimas, ordenaram que deitassem no chão e atiraram. Eles teriam fugido em um Uno branco e em uma moto, conduzidos por outras duas pessoas.

Às 11h, aproximadamente, o proprietário do bar, que não quis se identificar, limpava as marcas de sangue em frente ao estabelecimento. Ele contou que quando chegou para trabalhar, perto das 8h, já encontrou a perícia no local. Disse que no domingo fechou o comércio às 23h, que não sabe de nada e sequer conhecia as vítimas. Apenas um dos vizinhos revelou ter ouvido tiros por volta das 3h30, mas nega ter visto alguma coisa.

Os pais de Portilho, único menor de idade no grupo, disseram, em depoimento à polícia, que ele saiu de casa por volta das 20h de domingo e disse que ia à casa de um amigo. Entre os curiosos que cercavam o local do crime, mesmo após os corpos serem levados, uma pessoa, que se disse amiga de Portilho, afirmou que o menor tinha envolvimento com o tráfico de drogas.

Renato Leme da Silva, que morava na entrada da favela do Santa Rosa, trabalhava como catador de entulho e tinha esperança de mudar de vida. Iria começar segunda-feira um curso para trabalhar como segurança patrimonial. Deixou mulher e uma filha de um ano e oito meses.

Um dos moradores afirmou que deixou Silva em frente ao bar horas antes de o crime acontecer. “A gente estava em outro bar, comemorando o meu aniversário. Lá pela 1h30, vim embora com minha namorada e ele parou naquele bar, com outros amigos. Não conheço os outros que morreram”, contou. Ninguém no local conhecia a terceira vítima, Rodrigo de Almeida.

Não há testemunhas do caso, mas a população local lembra de outras duas ocorrências semelhantes, em janeiro deste ano e julho de 2005, próximas ao bairro, com suposto envolvimento de policiais. Por isso, apontam policiais à paisana como autores da chacina, apesar de não terem visto nada.

Cinco policiais militares são suspeitos de participação nas chacinas. Em outra ocasião, um jovem, que teria sido preso pela PM, no Jardim Santa Rosa, apareceu morto em um bairro vizinho.

O delegado Walter Possari não quis falar sobre a investigação. Informou apenas que o bairro é conhecido por ser ponto de tráfico de drogas e negou que a cápsula encontrada perto dos corpos seja evidência de participação de policiais no crime. Segundo ele, muitos bandidos têm acesso a armamento restrito.

A Ouvidoria da Polícia afirmou que vai pedir nesta terça-feira à Corregedoria que investigue o caso.



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