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Deborah Secco estrela nova novela ‘América’
Por Renata Petrocelli
Da TV Press
13/03/2005 | 17:53
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Quando criança, Deborah Secco, 26 anos, não se cansava de repetir a parentes, amigos e vizinhos que, um dia, seria a estrela da novela das oito. As reações eram invariavelmente as mesmas. “Ah, tá bom, Deborah”, desdenhavam. Segunda-feira, quando América entrar no ar, a atriz poderá gritar aos quatro cantos que realizou seu sonho. Em 15 anos de carreira, Sol é a primeira protagonista de Deborah em horário nobre. Para mostrar em cena a luta de Sol para entrar nos Estados Unidos e conquistar a sonhada estabilidade de vida, a atriz não mediu esforços.

Ela admite que nunca tinha se empenhado tanto na construção de uma personagem. Por conta própria, Deborah viajou mais de uma vez para o país, trabalhou um dia numa loja de uma rede de fast-food e fez estágios como garçonete e baby-sitter. “Queria chegar com novidades para a autora, o diretor e a produção, independentemente do trabalho que faria com todo o elenco”, afirma Deborah, que também entrevistou imigrantes ilegais durante as gravações no Texas, na fronteira com o México.   

PERGUNTA: O Jayme Monjardim tem dito que o público pode esperar uma Deborah completamente diferente em América. Você concorda com ele?
DEBORAH SECCO: O Jayme tem uma forma de dirigir que eu acho genial. Nunca tinha trabalhado com ele. Por isso, com certeza é uma interpretação completamente diferente de tudo o que já fiz. É uma personagem bem diferente das outras, com uma proposta nova. Eu mesma, vendo as cenas que nós gravamos na fronteira dos Estados Unidos com o México, me surpreendi. Vi ali uma atriz que eu não conhecia. Agora, se é melhor ou pior do que antes, não sei dizer. Esta responsabilidade eu deixo muito na mão dele e da Glória. Confio neles .

PERGUNTA: Mas protagonizar a novela das oito é uma responsabilidade sua...
DEBORAH: Faço todas as personagens como se fossem protagonistas. É lógico que agora há um peso, um título. Mas a Darlene era a protagonista de todas as cenas em que aparecia, como a Íris também. Sempre procurei fazer o melhor que eu pude, sem competir com ninguém, sem me colocar num estádio de competição. A única competição é comigo mesma, de saber que estou me dedicando o máximo que posso. Interpretar é o que eu mais amo na vida, é o que sonho fazer desde criança. Enquanto puder fazer isso, vou sempre fazer da melhor maneira possível.

PERGUNTA: O que mais inspirou você na construção da Sol?
DEBORAH: O mais importante foi conversar com as pessoas lá no Texas. Entrevistei coiotes, que são as pessoas que viabilizam a travessia ilegal, conversei com pessoas que iam fazer a travessia, com outras que já tinham feito, com pessoas que perderam parentes e amigos durante a travessia, pessoas que foram estupradas, pessoas que chegaram legalmente aos Estados Unidos e permaneceram de forma ilegal. Colhi muita informação. Conversei com a polícia de lá e eles me deram números que para mim foram muito chocantes. Diariamente, 91 brasileiros são presos na fronteira. Isso é um terço dos que tentam passar. É algo muito maior do que eu imaginava. Conversei com brasileiros que realizaram seus sonhos, com pessoas que moram lá e não tiveram o sonho realizado da maneira como imaginavam, com outras que só querem juntar um dinheirinho para voltar o mais rápido possível para o Brasil. Todos têm um ponto muito forte em comum: a saudade daqui. Eu ia entrevistar as pessoas e elas é que me entrevistavam: ‘Conta sobre as músicas’. ‘O que está passando na TV?’. ‘Como é aquela atriz?’. ‘E a praia, continua linda?’

PERGUNTA: E o que foi mais difícil neste processo?
DEBORAH: Foi justamente ouvir as histórias que as pessoas contavam, ver as fotos dos parentes mortos durante a travessia. Por mais que a gente tente mostrar este universo com muito realismo, acho que isso só seria realmente possível com um documentário. As informações que eu tive somente um documentário poderia reproduzir.

PERGUNTA: A Sol foi oferecida à Cláudia Abreu e, depois que ela recusou, você fez testes com outras atrizes, como Danielle Winitts e Giovanna Antonelli. Qual é a sensação de ter ficado com o papel?
DEBORAH: Acho que a Sol é uma das personagens mais ricas com que uma atriz pode sonhar. Não é nem só a mais rica entre todas as que já fiz. É muito diferente, muito brasileira, um retrato muito forte da vida dos brasileiros, de pessoas que vivem com tanta dificuldade, que têm de arrancar a vida com as mãos. É um percurso cheio de emoção, de nuances. Qualquer atriz sonharia com uma personagem destas. Quanto aos testes, acho que não foram bem uma competição entre o talento das atrizes. Procuro nunca ver assim. Até porque todas as atrizes que fizeram os testes são grandes atrizes, todas têm um futuro brilhante pela frente. Acho que foi uma questão de adequação à personagem, de quem tinha mais a cara da Sol.

PERGUNTA: Você acha que este trabalho tem acarretado mudanças em sua vida pessoal também?
DEBORAH: Muito se comentou sobre uma mudança na minha vida. Isso não aconteceu. Pelo menos não para mim. O que aconteceu foi que a novela me exigiu muito estudo, dedicação e distância, porque minha pesquisa não era aqui, era nos Estados Unidos. O tempo que tive disponível eu usei para viajar, para pesquisar. Eu nunca sumi. E não podia sair aqui porque estava saindo lá em Nova York. Se os paparazzi estivessem lá iam ver que não fiquei tão quietinha assim como falaram. Acho engraçado, porque as pessoas gostam de classificar tudo em fases. ‘Ah, a Deborah mudou de fase’. Comecei a trabalhar muito cedo, mudanças ocorrem com todo mundo entre os 11 e os 26 anos. As coisas acontecem comigo naturalmente. Não me considero a pessoa mais madura do mundo, nem a mais imatura. Tenho muita coisa para aprender.



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