Setecidades Titulo Contra o racismo
Consciência negra é marcada por resistência no Grande ABC

Eventos lembraram luta, cultura, costumes e importância dos povos de origem africana

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
21/11/2018 | 07:00
Compartilhar notícia
Nario Barbosa/DGABC


O feriado de Consciência Negra foi um dia de festa e celebração, mas também de luta, resistência e conscientização sobre racismo e desigualdade racial no Grande ABC. Com públicos menores do que nas atividades do ano passado devido à emenda do feriado e ao tempo frio e de garoa, os atos reuniram munícipes em Santo André e Mauá.

Na Praça 22 de novembro, no Centro de Mauá, ocorreu a concentração da 12ª Marcha para Zumbi dos Palmares. Organizado pela ADCC (Associação Desportiva e Cultural de Capoeira) Filhos de Ghandi, o evento reuniu cerca de 70 pessoas, que caminharam até a Praça da Bíblia, na Vila Bocaina.

O mestre de capoeira Gilsasio Pereira de Oliveira, 55 anos, gerente de promoção de direitos da Secretaria de Justiça e Defesa da Cidadania e um dos organizadores do evento, afirmou que atividades como essa servem para marcar a importância de políticas de promoção da igualdade racial. “Não estamos enquadrados nessas iniciativas”, pontuou.

“Nossa gerência tem a missão de atuar de forma transversal, com a pasta da Saúde, focando em atendimentos para população negra; com a Educação, cobrando o ensino de história afrobrasileira, mas existe muita resistência por parte dos gestores”, afirmou Oliveira.

A enfermeira e integrante do Movimento de Mulheres Negras, Leila Rocha, 33, destacou o racismo institucional na ausência do saneamento básico, no fechamento das unidades de Saúde, que prejudicam especialmente os mais pobres. “É preciso se organizar, primeiro nas comunidades, depois, nos conselhos municipais e regionais, para cobrar mudanças”, pontuou. “Hoje é um dia de comemoração, mas também de protesto.”

NO PARQUE
O Parque Central, na Vila Assunção, em Santo André, reuniu cerca de 200 pessoas para acompanhar série de atividades em comemoração ao Dia da Consciência Negra. Artistas de diferentes segmentos da cultura negra, como samba, capoeira, maculelê, além de barracas de comidas típicas, fizeram o evento que retomou as celebrações da data na cidade. O cantor Royce do Cavaco e a bateria da Escola de Samba Tradição de Ouro foram as atrações principais.

Idealizador do Samba Solidário, uma das atrações do evento, o professor Davidson Ribeiro, 42, afirmou que lembrar a resistência negra é fundamental no momento que o País vive. A mãe de santo do Ilê’Ba, Verah de Oxum, 51, criticou a atuação de grupos religiosos que tentam destruir a cultura negra. “Querem tirar nossa religião, nossos costumes, nossas vestimentas. Isso enfraquece os movimentos sociais e as políticas públicas”, concluiu. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;