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Paralamas: imagens do sucesso
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
14/01/2007 | 19:54
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Tão importante quanto um riff certeiro de guitarra ou um refrão pegajoso que levanta o público de qualquer estádio, a fotografia ocupa espaço fundamental na história do rock. Por conta disso, não faltam exemplos de profissionais que sintetizam em polaróides a proposta estética de um artista. Entre os mais conhecidos estão Anton Corbijn, que mantém uma relação quase simbiótica com a banda U2, e Penny Smith, responsável pela concepção visual do The Clash.

A versão nacional dessas parcerias pode ser conferida no livro de fotografias dos Paralamas do Sucesso (Senac Rio/Jaboticaba, 240 págs., R$ 90 em média). Produzida pelo fotógrafo, radialista e DJ carioca Maurício Valladares, a obra contém cerca de 250 imagens que registram 25 anos de atividade da banda, desde a primeira fita demo, até shows da turnê de seu mais recente disco, Hoje, de 2005.

Valladares conheceu a trupe do cantor e guitarrista Herbert Vianna em 1982, quando comandava o Rock Alive, na lendária rádio Fluminense FM, programa que deu espaço para muitos músicos iniciantes da efervescente cena roqueira. Foi com o apoio da emissora, conhecida popularmente como ‘Maldita’, que o primeiro hit do grupo, Vital e sua Moto, começou a chamar a atenção.

Desde então, os Paralamas lançaram 17 álbuns, se firmaram como um dos sobreviventes de sua geração e preservaram uma posição privilegiada no mercado fonográfico latino-americano. Toda essa trajetória foi acompanhada pelas lentes de Valladares, que capturaram descontração nos bastidores, shows e ensaios para capas de discos.

“Fotografar os Paralamas sempre foi muito prazeroso. No início, eu viajava muito com eles, para todos os lugares do Brasil. Felizmente, a gente fez imagens que se tornaram históricas. Na época do Selvagem? (disco lançado em 1986 e que consolidou o êxito da banda), eu já tinha consciência de que era um negócio muito importante na música brasileira, pela união que eles demonstravam e pela qualidade artística”, afirma Valladares.


Família – Entre os destaques do livro – que conta com texto do jornalista Arthur Dapieve, e comentários de Herbert, do baixista Bi Ribeiro e do baterista João Barone – está uma fotografia feita em 1985, durante uma passagem dos Paralamas por Santo André. Recebido com hostilidade pelos punks do Grande ABC, o trio posou sem constrangimento em frente a um muro com a pichação: “Fora, Paralamas medíocres”. Mais uma amostra do bom humor que, segundo o fotógrafo, nunca faltou ao grupo.”

Valladares registrou muitos encontros da banda com seus ídolos e parceiros musicais, entre eles Jorge Benjor, Gilberto Gil e Tom Zé. Também esteve presente em momentos traumáticos, após o acidente de ultraleve ocorrido em fevereiro de 2001, que deixou Herbert paraplégico e resultou na morte de Lucy Needham, mulher do cantor.

Valladares foi uma das poucas pessoas que receberam autorização para visitar o compositor. Traduziu em fotos a angústia da ‘família Paralamas’, como costumam ser chamados os membros da equipe de apoio e amigos próximos.

Rádio – Ativo divulgador da boa música, Valladares apresenta um programa de rádio na internet, o Ronca Ronca, dedicado a diversos gêneros, do reggae ao maracatu. “Vinte e cinco anos depois, faço a mesma coisa, mas não acredito que a história que tenho com os Paralamas vá se repetir. A produção musical é completamente diferente. Naquela época, eu apresentava as notícias da New Music Express (conceituada revista inglesa), que recebia com três meses de atraso, e que as pessoas iam comentar por uns seis meses. Hoje, eu comento sobre uma banda e isso logo já é uma notícia velha”.



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