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GM de S.Caetano exportará projetos de picapes
Por Lana Pinheiro
Do Diário do Grande ABC
25/05/2006 | 08:14
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Como parte de processo de reestruturação que enfrenta desde o ano passado para melhorar sua saúde financeira, a General Motors anunciou quarta-feira um novo conceito de produção mundial: as novas gerações de veículos serão construídas sobre arquiteturas globais, estrutura que inclui assoalho, fixação de painel, fixação de suspensão, parte elétrica, instalação de ar-condicionado e estrutura para bancos, transmissão e motor,

Cada um dos cinco Centros Tecnológicos do grupo no mundo ficará responsável pelo desenvolvimento da arquitetura de um segmento específico, independente do local onde o veículo será produzido. Aos engenheiros do Centro Tecnológico da GM do Brasil, em São Caetano, caberá o desenvolvimento da arquitetura de picapes médias. Nos Estados Unidos, serão desenvolvidas arquiteturas de picapes e veículos grandes e de luxo, da Europa sairão veículos médios e compactos, da Coréia, veículos pequenos e da Austrália, veículos grandes com tração traseira.

Sobre a arquitetura poderão ser montadas carcaças desenvolvidas por qualquer marca do Grupo GM ao gosto do mercado onde o veículo será vendido. Com o adicional de que o país responsável pela arquitetura desenvolverá, também, o primeiro modelo construído sobre a base. Como exemplo, Alberto Rejman, diretor de engenharia de produtos, explica que de uma única arquitetura de carro médio poderiam sair carros tão diferentes como o Opel Signum, o Vectra europeu, o Pontiac G6, o SAAB 9-5 Station Wagon e o Chevrolet Malibu.

A distribuição de tipos de veículos por região, explica Pedro Manuchakian, vice-presidente de engenharia da divisão LAAM (América Latina, África e Oriente Médio), levou em conta as características do mercado local e habilidades dos engenheiros. “Em volumes de carros pequenos o mercado asiático é imbatível, por isso a decisão de desenvolver essa arquitetura por lá. Como a nossa região tem alta demanda por picapes médias, ficamos com esse segmento”. Manuchakian enfatiza que “o desenvolvimento é feito no Brasil, mas a produção final pode ser feita em qualquer outro país”.

Para dar conta do novo desafio, o Centro Tecnológico da GM do Brasil terá seu quadro de engenheiros duplicados a 1,2 mil até 2008, com trezentos deles contratados ainda em 2006. O quadro de designers também terá incremento de 50% com 34 novas contratações até dezembro. Outra mudança que acontecerá nos próximos dois anos é na proporcionalidade: hoje 40% dos engenheiros brasileiros estão voltados a projetos mundiais e 60% a projetos locais. Em 2008, a relação será exatamente a inversa.

Além da mão-de-obra extra a empresa investirá US$ 30 milhões nos próximos três anos em São Caetano e no Campo de Provas da Cruz Alta em Indaiatuba. Os recursos se somarão aos US$ 40 milhões investidos nos últimos anos e serão usados, sobretudo, para a construção de novos laboratórios, compra de novas máquinas e equipamentos.

Os recursos materiais darão continuidade a revolução tecnológica pela qual a GM do Brasil vem passando nos últimos tempos. Em São Caetano, três salas: uma para o design, outra para engenharia e a última em manufatura, permitem aos profissionais envolvidos no desenvolvimento de veículos visualizar o projeto em três dimensões. Além disso, softwares são usados para diversas simulações diminuindo a necessidade de protótipos reais.

“Hoje, grande parte dos testes de aerodinâmica, de impacto e de segurança são feitos primeiro no computador. Depois que os resultados atingem o nível desejado, confirmamos com protótipos reais”, explica o diretor de engenharia da empresa. O resultado foi a redução em 50% do número de modelos necessários durante o desenvolvimento do veículo. Redução considerável, se levado em conta que para cada protótipo a empresa gasta US$ 300 mil.

Para Manuchakiam a digitalização dos processos é caminho irreversível e acontecerá cada vez mais rápido: “Ganhamos em custo e em redução de tempo. A confirmação com modelos reais ainda é necessária, mas eles ficarão cada vez mais obsoletos”, conclui.




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