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Bom e velho rock de protesto de Neil Young
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
25/05/2006 | 08:37
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“Um protesto folk-metal”. Esses são os termos empregados pelo cantor, compositor e guitarrista canadense Neil Young para sintetizar o conceito de seu novo CD, Living with War (Warner, R$ 46 em média), produzido pelo artista em parceria com Niko Bolas. Mais que um simples manifesto, o disco é um legítimo libelo contra o conservadorismo e a arrogância da era Bush.

Baseado no rock cru e direto que caracteriza a trajetória artística de Young (considerado um padrinho do movimento grunge), o álbum mergulha fundo na alma norte-americana e expõe os conflitos de um país que vive em clima de medo permanente. Para dar sustentação à sua combalida guitarra, ele se cercou de dois músicos que optaram por performances eficientes e sem firulas, o baterista Chad Cromwrell e o baixista Rick Rosas.

Entre as pérolas do disco, um tapa na cara do presidente yankee, em Let´s Impeach the President, que pede, abertamente, o afastamento imediato do cowboy mais poderoso do planeta. “Vamos afastar nosso presidente por mentir/ E levar o país à guerra/Por abusar do poder que demos a ele/E jogar todo o nosso dinheiro porta afora”, brada o cantor, sem esconder a indignação.

E, se no quesito melódico não há muitas novidades, é justamente essa contundência nas letras que faz de Living with War um trabalho magistral e a trilha sonora perfeita para os que moram ao norte do Equador nesses tempos de escuridão e incerteza . “Procurando por um líder para reerguer nosso país, reunir o vermelho, o branco e o azul, antes que eles se tornem pedra”, canta Young em Lookin’ for a Leader, momento marcante do disco.

A falta de papas na língua no tratamento de temas políticos sempre foi uma característica do canadense, que, em 1973, compôs a canção Ohio, sobre jovens mortos durante uma manifestação contra a guerra do Vietnã.

Alienação – Em Flags of Freedom, o músico faz referência a outro ícone da canção de protesto norte-americano, o bardo roufenho de Minnesota, Bob Dylan. Com pouco mais de quatro acordes, The Restless Consumer é um hino contra a alienação e consumismo desenfreado. Indispensável.



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