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Discos ‘vazam’ na internet e dividem opinião sobre uso do download
Por Dojival Filho
Do Diário do Grande ABC
08/05/2006 | 08:26
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Um artista já estabelecido busca inspiração para compor uma música. Depois, mostra a composição aos companheiros de banda, cria um arranjo e registra sua melhor performance no álbum. O próximo passo é dado pela gravadora, que investe uma fortuna e promove um mirabolante projeto de marketing para lançar o disco. Mas existe uma etapa que antecede a chegada do novo trabalho às prateleiras e ainda atemoriza os empresários do mercado fonográfico: o “vazamento” do disco na internet, que possibilita a troca de arquivos musicais entre internautas.

Há quem lide bem com as mudanças no consumo de música, como os norte-americanos do Pearl Jam, que lançam seu oitavo CD no Brasil (Sony-BMG, R$ 27 em média), homônimo e primeiro de inéditas em quatro anos.

Desde os mês passado - portanto um mês antes do lançamento mundial, ocorrido no último dia 2 - as 13 faixas do disco podem ser escutadas na íntegra no site www.aol.com, gratuitamente. Nada incomum para uma banda consciente, que sempre se antecipou ao comércio pirata ao vender oficialmente CDs com a íntegra de seus shows.

A nova bolachinha marca a estréia da trupe do vocalista Eddie Vedder na gravadora J Records, após mais de uma década na Epic, e apresenta um espectro variado de características, comprovando que a banda está conseguindo envelhecer com dignidade. O single World Wide Suicide, um hard rock envenenado pelas guitarras de Mike McCready, alfineta o presidente dos Estados Unidos George W. Bush, que já havia sido “homenageado” em uma canção de Riot Act (2002). “É uma pena acordar em um mundo de dor/ Mas, o que dizer quando uma guerra ocorre”, diz um dos trechos da canção.

A faixa Comatose, executada em ritmo frenético, remete aos tempos do soturno Vitalogy (1994). Já Severed Hand expõe a influência do Led Zeppelin em sua introdução apoteótica, que precede um rock cheio de groove. Unemployabe tem uma “pegada” semelhante à do Kiss, banda adorada pelo baterista Matt Cameron. Cheio de vitalidade, o disco está à altura dos melhores trabalhos do grupo.

Red Hot - O grupo californiano Red Hot Chilli Peppers, que lança oficialmente nesta terça-feira o CD duplo Stadium Arcadium, integra a vertente dos astros que não querem saber das novidades na internet. Em carta endereçada aos fãs e à imprensa, o baixista Flea se disse entristecido com o “vazamento” do álbum na rede e pediu ao público que não baixasse as novas músicas pela internet.

“Bem, não é algo muito bom. Se você fizer o download agora, em um desses sites de troca de arquivo, você terá uma fraca imitação do disco, com som de qualidade inferior. E isso irá ferir meu coração. Irá ferir o coração de John Frusciante. Irá ferir o coração de Anthony Kiedis. E irá ferir o coração de Chad Smith”, afirmou o músico, em um dos trechos do comunicado.

O pedido de Flea, porém, não impediu que as novas canções do álbum, produzido pelo experiente Rick Rubin e o primeiro de inéditas em quatro anos, continuassem sendo baixadas gratuitamente no espaço virtual.

O primeiro single de Stadium Arcadium, Dani California, já freqüenta a programação das rádios rock desde o início do mês e, assim como boa parte das faixas do álbum, não apresenta rupturas no que diz respeito à sonoridade sem muitas arestas e com grande apelo radiofônico que serve de base ao Red Hot desde Californication (1999). O divertido clipe da música, que fala sobre uma garota malandra que faz de tudo para sobreviver, traz diversas referências à história do rock, de Elvis ao movimento grunge.

A faixa Readymade é um típico exemplo de funk “apimentado” da banda, em que se destacam o virtuoso baixo de Flea e a guitarra cheia de suíngue de Frusciante. Já She´s Only 18 parece ter saído direto das gravações do álbum anterior, By the Way, com sua linha econômica de guitarra e bateria sem grandes sobressaltos. Desecration Smile mostra um Red Hot baladeiro, como em Under the Bridge e I Could Have Lived.




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