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Inadimplência tem sexta alta seguida
Por Vinicius Gorczeski
Especial para o Diário
14/01/2011 | 07:00
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O brasileiro fica cada vez mais endividado e sem possibilidades de arcar com os débitos. É o que mostra o indicador de perspectiva da inadimplência do consumidor, divulgado ontem pela Serasa Experian. O índice subiu 0,8% em novembro de 2010 - sexta alta mensal consecutiva - atingindo 92,9 pontos. A média histórica de inadimplência no País é fixada em 100 pontos.

No Grande ABC, o cenário destoa do panorama nacional. Segundo o presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Sidnei Muneratti, há a percepção de que a taxa segue em "equilíbrio" com a demanda por crédito, devido ao Natal. Porém, descarta problemas num futuro próximo, graças às características da região, como agilidade e modernidade do comércio e muita oferta de produtos e serviços.

"Sentimos que o Grande ABC está firme, dentro de condições de equilíbrio. Não temos problemas de desemprego e os consumidores daqui têm nível econômico bastante interessante." Muratti também ressalta que o bom momento continuará "com tranquilidade" até o fim do semestre, quando será preciso analisar medidas do BC (Banco Central) - de apertar o crédito - para novas estimativas.

O presidente da Acid (Associação Comercial e Industrial de Diadema), Gildo Freire, também destacou como natural as elevações nesta época. Mas é ainda mais otimista, ao estimar que a inadimplência não irá subir, se equilibrando até o fim do ano.

Freire projeta que o número atual de devedores na região diminuiu, quando comparado aos meses de maior consumo com o mesmo período de 2009 frente a 2008. "Estamos numa época positiva, o emprego está mantido, teremos estabilidade no crescimento e isso reflete em equilíbrio."

O indicador consegue prever, num cenário médio de seis meses, oscilações no percentual de devedores, revelando que a inadimplência poderá reverter o movimento de queda na taxa, iniciada no terceiro trimestre de 2009, após pico acima da média histórica. À época, junho bateu o recorde do mesmo mês de 2008, com alta de 11% nos calotes.

Por sua vez, o assessor econômico da Serasa Experian, Carlos Henrique de Almeida, salienta que, mesmo que o percentual siga tendência de elevação, dificilmente atingirá a média dos 100 pontos. Almeida destaca o endividamento do consumidor no longo prazo e o aumento dos juros como fatores "agravantes" para explicar o aumento na taxa.

Além disso, a época sazonal - em que o pagamento de impostos como IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e material escolar - pesa mais no orçamento familiar.

Para Almeida, o acumulado de inadimplência de 2010, de 6,3%, não preocupa, mas alerta para as altas. O assessor ainda destaca que, pare evitar a trajetória de aumentos, a política econômica precisa ser mais restritiva, com novos ciclos de reajustes na Selic (taxa básica de juros), além de atenção dos compradores.

O BC tem anunciado medidas para restringir o crédito e, assim, diminuir calotes. "Semana que vem já se espera elevação dos juros. Mas precisaremos ver quantas vezes serão e como se dará o repasse ao consumidor, que precisa ter atitude mais responsável no endividamento de longo prazo", alerta Muneratti.




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